2007-03-20 06:09:00
Num repente um tanto quanto conturbado na vida nacional, seja social, ética ou economicamente, mas que o governo acreditava ser mágico, e no qual pudesse, quiçá, tirar um coelho da cartola, e fazer assim, “PAC” num gesto ilusionista da varinha de condão, tiraram mesmo foi um Elefante ou uma tartaruga dessa cartola, pois, não vai para frente porque é muito pesado quando deveria ser leve, ou muito lento, quando pretendia ser ágil.
Como, num passe de mágica, com tantos problemas de ordem estrutural, criar algo novo, quando o estado está todo inchado, gigantesco e inoperante, corrupto e todo sucateado quanto a sua infra-estrutura?
Como fazer fluir os parcos recursos que dispomos, já em virtude disso, se a estrutura hierárquica é corrupta por natureza, como vimos no episódio dos correios, setores da própria Petrobrás, na saúde e em tantos outros órgãos?
Como fazê-lo, na tão almejada interação das partes, homem e capital, uma vez que o discurso populista de ocasião difere radicalmente da prática diária?
Na verdade, se fez tanto barulho, como se fosse um PACto econômico para com a sociedade, que esperou PACificamente, PACientemente, a um governo medíocre, com tiques de retórica desenvolvimentista.
Não existe nada novo, recursos novos, vontade política nova, nova ética. O que se anunciou na verdade, são velhas e famigeradas “dotações orçamentárias”, remexidas daqui e dali, resquícios dos impostos do povo brasileiro (se vierem a ser integralizados), daqueles que ainda porventura pagam e que cumprem, mesmo que a duras penas, os seus deveres cívicos.
Esse programa (se é que podemos chamá-lo assim), é a mesma coisa, do que o ditado popular que diz, é “dar esmola com o chapéu alheio”, pois os recursos ali previstos, para serem “destinados”, grande parte do corpo deste programa, ou serão oriundos da Petrobrás, algo que é extremamente incerto, uma vez que é um campo extremamente instável, dependendo de flutuações de mercados internacionais, como o do petróleo ou da própria flutuação de uma possível desvalorização de ações, que poderia resumir muito esse contexto, ou ainda recursos advindos da iniciativa privada, algo que não pode ser presumido, uma vez que governo algum possui uma bola de cristal, para medir o ânimo dos seus comandados.
Vejamos o que acontece: O risco Brasil, por exemplo, vem caindo, e isso nós concordamos, todos. O que isso quer dizer? Isso nos diz, de que nunca pagamos tão bem as nossas dívidas aos gringos, quanto agora, cumprindo contas aos montes, muitas das quais ainda nem venceram. Isso não é bom e nunca foi, pois apesar do risco Brasil ser o menor dos últimos tempos, ninguém acredita em nós, pois não investem aqui, nem aos mesmos níveis de quando o nosso risco era 10 vezes maior. Os ânimos não estão atravessando um “mar de brigadeiro”, e os gringos continuam a investir na China, na Índia, Indonésia, e nós nos iludindo com desenvolvimento, enquanto um PIB cresce 2,6 (médias dos últimos dois anos), e o nosso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) cai, conforme análise da ONU. Esses dois dados, que não são meus, que são a nossa realidade nua e crua, divulgada, oficial, mostram-nos que social ou economicamente, nós nos trucidamos. Somos a potência da impotência.
Um governo sério e conseqüente, comprometido com a sua realidade, talvez pegasse esses recursos adiantados a gringos, e investiria em infra-estrutura para o seu povo, pois esses recursos, sim, seria dinheiro novo, recursos novos.
Que me perdoem os otimistas, aos quais eu, humildemente, saúdo com reverência, mas eu não acredito nisso que aí está, pois desde garoto eu vi o meu país sair da 8ª para 10ª, depois a 13ª economia mundial, e caminhando a passos largos, amiúde, em virtude da nossa letargia econômica, da nossa quase paralisia, para configurar-se entre a 15ª e 16ª economia mundial nos próximos 05 a 10 anos.
Creio que já tenha passado bem da hora, de nossos economistas esclarecerem ao nosso povo, de que a nossa moeda, o REAL, não se valorizou coisa alguma nos últimos anos, pois os custos da energia elétrica cresceram assustadoramente, do combustível também e idem para as comunicações. Muitas matérias primas, principalmente aquelas ligadas ao setor siderúrgico, galoparam a níveis insuportáveis. Como que uma moeda se valoriza, se a cada dia que passa, compramos menos com ela?
Vamos analisar, friamente, um exportador que exportava uma unidade qualquer, um produto qualquer, por 01 Dólar, há 03 ou quatro anos atrás, e na conversão cambial, recebia em torno de 03 REAIS pela unidade exportada. Como hoje, esse mesmo exportador conseguiria receber R$ 2,10 pela mesma unidade de produto exportado (01 Dólar), se os seus custos aumentaram numa faixa de mais de 40%? Como esse exportador consegue vender algo por 50% a menos do valor inicial, gastando 40% a mais, nos custos de produção?
Na verdade, a grande fatia da indústria nacional está com a corda no pescoço, e muitos setores, como o calçadista, por exemplo, já quebraram. Tivemos nos últimos dois ou três anos, a maior derrocada da agricultura nacional com um amplo endividamento, e agora, os índices industriais mostraram um substancial decréscimo, aquilo que vínhamos comentando já faz tempo. Infelizmente, quem agüentou, suportou o país até hoje, foi a economia informal, a sonegação, a economia marginal, muito mais gigante do que aquela que vislumbramos, mas nem ela, hoje, tem fôlego para tanto: As gorduras, exauriram-se.
Todo esse raciocínio me leva a ilustrar-vos, talvez com uma versão civil e mais “soft”, cômica, mas não menos triste, contudo, e sem querer plagiar um repórter à moda antiga, mas já o fazendo, daquela seqüência de lemas do tempo dos três primeiros presidentes do governo militar, Castelo Branco, Costa e Silva e Emílio Garastazu Médici, quando o primeiro disse ao assumir, como chamamento ao povo brasileiro: “Estamos à beira do precipício”; o segundo, Costa e Silva, disse: “Esse é um país que vai para frente”, e o terceiro, Emílio Garastazu Médici, posteriormente completou: “Ninguém mais segura essa país”.
Para onde vamos e em quais precipícios “desse país que vai para frente”, isso eu não sei. A única coisa que eu sei, é da altura deles. Nossa, essa é de amargar!!!
Ao menos, ao governo resta um consolo. Ninguém poderá dizer, em livre e bom tom, de que não se tentou fazer nada, e de que não se falou das flores. Na verdade foi feito algo, e o Brasil sentirá o imPACto do PACote, pois estamos e estaremos devidamente emPACados nos próximos anos. Estaremos ainda pobres, doentes, sem letras, e agora ainda, acusados de não nos conhecermos e por não encontrarmos o nosso ponto “G”.
Apesar de tudo, o povo brasileiro ainda é feliz. Sai dia entra dia, sai ano, entra ano, e o povo sabe levar, vai levando, vai levando, releva, leva, releva, e vai levando outra vez. O Presidente Lula, acaba de descobrir o motivo de toda essa alegria, do poder gigantesco e segredos desse povo, em ir levando: “Todo o povo brasileiro gosta muito de sexo”.