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domingo, 8 de junho de 2025

Médicos são a favor de projeto que coloca camisinha nas escolas

2007-01-13 09:58:00

 O projeto dos ministérios da Educação e da Saúde de levar os preservativos para o ambiente escolar através de uma máquina dispensadora, como as de refrigerante, ganhou o apoio de médicos, sexólogos e educadores, além dos adolescentes, que serão os principais beneficiados pelo Programa Saúde e Prevenção nas Escolas. De acordo com o Ministério da Saúde, o resultado direto da iniciativa é a popularização e da familiarização ao acesso aos preservativos.
– O objetivo principal da nossa estratégia é mobilizar os estudantes das escolas técnicas federais para que eles possam desenvolver um protótipo junto com o projeto pedagócico, para facilitar o acesso ao preservartivo – afirma o chefe da Unidade de Prevenção do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, Ivo Brito.
O psiquiatra Jairo Bouer acredita que a máquina de preservativos nas escolas pode fazer com que os jovens naturalizem o uso da camisinha, mas é preciso aliar a questão à educação sexual.
– Ao ver a camisinha em uma realidade mais próxima a sua, acredito que o jovem vença uma barreira a mais. Muitos jovens ainda ficam inibidos de comprar camisinha em supermercado e farmácia. E é também uma ótima idéia que os próprios alunos desenvolvam o projeto das máquinas, sem dúvida gera maior consciência e envolvimento com o tema.
Bouer diz ainda que o fato de ter um preservativo próximo não quer dizer que aumente o número de transas.
– O número de camisinhas disponíveis não quer dizer que o adolescente tenha mais parceiros. Não acredito que estimule os jovens a transar mais do que fariam normalmente. Elas garantiriam proteção caso fosse necessário.
Já o sexólogo Amaury Mendes Júnior diz que a medida pode quebrar o conceito do sexo genitalizado.
– Acredito, sim, que a implantação de uma máquina de preservativos, seja em escolas, bares ou boates crie uma conscientização nos próprios adolescentes e nos pais que desmistifique o sexo ligado somente aos órgãos sexuais, de que fazer sexo é perigoso e sujo. É preciso ter também uma conduta de educação sexual.
E completa:
– Adolescentes fazem cada vez mais sexo. Setenta por cento das adolescentes já usam anticoncepcional. Portanto, está mais do que na hora desses jovens serem orientados sobre o que é o sexo. Deve-se esquecer do sexo genitalizado. E ele é muito mais do que isso. Sexo é sensorial.
Preocupação religiosa
Para o Sindicato Estadual de Profissionais da Educação (Sepe) o projeto tem uma preocupação não só no combate à Aids, mas também para evitar a gravidez na adolescência.
– É uma importante iniciativa não só para evitar as doenças sexualmente transmitíveis, mas também para evitar a gravidez.  Ela deveria aumentar a discussão em todo o ensino médio público. Só não sei o que vão pensar as organizações religiosas. Criam-se tantos tabus que têm de ser encarados de frente pelo poder público – preocupa-se o representante o Sepe, Danilo Serafim.

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