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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Chile recua na decisão de remover o termo ‘ditadura’ de livro escolar

2012-01-07 14:43:00

O Chile está voltando atrás no controvertido plano para remover a palavra "ditadura" de manuais escolares, em referência ao governo militar do general Augusto Pinochet.

O novo ministro da Educação do presidente Sebastian Piñera, Harald Beyer, provocou um alvoroço político quando discutiu o plano na quarta-feira, divulgado em um jornal local. Ele sugeriu que os alunos da rede escolar chilena sejam ensinados a usar um termo mais "geral", chamando a gestão de Pinochet, entre 1973 e1990, de um "regime militar".

A senadora Isabel Allende, cujo pai Salvador Allende foi deposto em golpe de Pinochet, chamou a mudança de "inaceitável".

"Ela vai contra o senso comum, porque o mundo inteiro sabe que durante 17 anos o Chile tinha uma ditadura feroz, com as mais graves violações de direitos humanos, onde não havia Parlamento, onde não havia liberdade, onde houve perseguição, assassinatos e desaparecimentos ", disse Isabel Allende. "Eu não quero voltar para aquela época. Quero que as coisas sejam chamadas do que são."

Líder do Partido Socialista do Chile, Osvaldo Andrade, foi mais enfático: "Ela tem as orelhas de um gato, o corpo de um gato, mia como um gato e algumas pessoas querem chamá-la de cachorro."

Professores que protestavam em frente ao Ministério da Educação acusaram o governo de centro-direita de tentar reescrever a história de um governo militar que deixou mais de 3.000 pessoas mortas ou desaparecidas.

"Precisamos trabalhar para ter uma história que permite aos nossos alunos se moverem em direção ao futuro, reconhecendo o nosso passado", disse o professor de história Rodrigo Henriquez ao jornal La Nacion do Chile. "Se negamos isso, nós desligamos o futuro dos nossos alunos."

Beyer recuou na quinta-feira, um dia depois de discutir o plano. Ele disse que seu ministério vai resolver a controvérsia, enviando diretrizes de revisão dos livros revisado para o Conselho Nacional de Educação do Chile. As editoras são livres para decidir que palavras usar, e as escolas livres para escolher quais os livros devem ser comprados, disse ele.

O ministério "nunca quis negar a natureza antidemocrática do regime militar, nem as violações de direitos humanos que resultou", disse Beyer, explicando que as diretrizes são geralmente destinadas a promover um debate saudável. Elas abrem uma discussão mais ampla e mais rica, e esse é o objetivo: desenvolver o pensamento crítico".

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