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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Bilhete levou PF a apreender dinheiro de colombiano

2007-08-11 12:19:37

Um mapa levou a Polícia Federal (PF) a desenterrar na noite de quinta-feira (9) uma parte da fortuna do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, o Chupeta, preso em São Paulo na terça-feira (7). São dólares e euros equivalentes a mais de R$ 3 milhões. Um bilhete com um mapa encontrado na mansão do traficante em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo, levou os agentes até Campinas, interior do estado. No local, os policiais encontraram pacotes com US$ 952 mil e 420 mil euros que estavam enterrados em uma casa em um condomínio de luxo. Em janeiro, a polícia colombiana encontrou US$ 81 milhões (cerca de R$ 160 milhões) enterrados em um imóvel do traficante na Colômbia.

Na apreensão realizada no interior paulista, o morador da casa – também colombiano, foi preso junto com um motorista. Os dois são acusados de lavagem de dinheiro. O motorista recebia R$ 7 mil por mês de Abadia para guardar a fortuna. Ontem, a PF apreendeu em Vila Velha, no Espírito Santo, um iate avaliado em R$ 3 milhões. Segundo os agentes, o barco pertence a um empresário capixaba suspeito de ter ligações com a quadrilha. O superintendente da PF em São Paulo negou que as prisões em Campinas tenham sido feitas a partir de informações dadas por Abadia. O traficante já afirmou que quer colaborar com os policiais, mas até a tarde de sexta não foi assinado nenhum acordo de delação premiada, que prevê redução de pena em troca de informações que ajudem nas investigações.

O superintendente disse também que Abadia pode ser transferido a qualquer momento. Ele deve ser levado para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde está outro traficante: Fernandinho Beira-Mar.  A transferência foi autorizada na tarde de ontem pela Vara de Execução Penal Federal de Mato Grosso do Sul. Em Campinas, o objetivo da operação realizada pela PF era desmantelar uma das ramificações da organização liderada por Abadia, acusado de ser o maior traficante das Américas. Os agentes vasculharam casas de pessoas supostamente ligadas ao colombiano que está preso na sede da PF na Capital, na Lapa, Zona Oeste.

Enquanto seguem as investigações em São Paulo, autoridades colombianas querem ouvir Abadia no Brasil. O pedido já foi feito à Justiça brasileira. A permanência do traficante na sede da PF em São Paulo é motivo de preocupação. Abadia era um dos traficantes mais procurados do mundo. Ele carrega a fama de ter assumido o lugar de Pablo Escobar, chefe do cartel de Medellín, morto em 1993. A recompensa por sua prisão vale, segundo autoridades norte-americanas, US$ 5 milhões. A PF descartou receber a recompensa.

A PF identificou 16 empresas que podem ter sido usadas para lavar o dinheiro do tráfico de drogas, entre a Colômbia e os Estados Unidos. Uma delas é um escritório de importação e exportação em Pinheiros, na Zona Sul da Capital, que está trancado e com dois cães soltos no estacionamento. As investigações mostraram ainda que o colombiano tentava abrir uma empresa da táxi aéreo no país.

No Brasil, Ramirez Abadia é processado por lavagem de dinheiro. A PF diz que ele não se afastou dos traficantes colombianos. “Ele estava aqui para lavagem de dinheiro. Mas ele não deixou de participar do grupo que vinha traficando”, disse Jaber Saad, superintendente da PF. A polícia também pediu a prisão preventiva de 12 pessoas envolvidas com o traficante. Uma delas é a mulher de Ramirez Abadia.  A organização liderada pelo colombiano vendia cocaína na Europa e nos Estados Unidos, onde possuía ampla rede de distribuição. O dinheiro obtido na venda era retirado dos EUA através do México, enquanto o lucro da droga distribuída aos europeus saía do continente por meio da Espanha.

Do México e da Espanha, o dinheiro era transferido para o Uruguai. Era aí que entravam em ação as empresas “laranjas” de Abadia no Brasil. As empresas, dos mais diferentes ramos, como comércio exterior, embarcações, e imóveis, faziam negócios no Uruguai, tornando lícito o dinheiro que entrava no Brasil. Já dentro do país, o traficante investia em imóveis (hotéis e mansões), na indústria e na aquisição de carros.

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