2008-07-27 07:06:00
Vilson Nascimento
A iniciativa do Governo Federal, que através da Funai (Fundação Nacional do Índio) baixou portarias autorizando a realização de estudos e levantamentos de áreas em 26 municípios, no sul do Estado, para fins de demarcação de futuras reservas indígenas, poderá abrir as portas para provocar sangrentos confrontos entre índios e não índios na região pela disputa das terras.
O alerta foi feito pelo próprio Governo do Estado de Mato Grosso do Sul em um documento enviado ao Governo Federal após uma reunião com os prefeitos e representantes da classe dos produtores rurais dos 26 municípios realizado na quinta-feira passada, dia 17, em Campo Grande.
No documento o Governo alerta que a manutenção das portarias autorizando os estudos poderá acarretar “confrontos entre índios e não índios e o agravamento da questão social impactando diretamente na vida de 700 mil brasileiros índios e não índios habitantes da região a ser identificada e de todos os demais cidadãos de sul-mato-grossense, estimada em 1,5 milhões de habitantes.
No documento encaminhado ao Governo Federal, o Governo de Mato Grosso do Sul também ressalta sobre a ampla área a ser identificada, que corresponderia, segundo o Governo, a um terço do território do Estado, além da questão da soberania nacional, já que cerca de 1000 quilômetros da região de fronteira com o Paraguai passaria a se tornar terra indígena.
Produtores não querem confrontos- A região conesul de Mato Grosso do Sul já protagonizou confrontos recentes entre índios e não índios na luta pela terra, inclusive resultado em morte de indígenas e produtores rurais feridos, cenas que a classe produtora não quer que se repita.
Pelo menos esse foi o discurso da classe durante uma reunião realizada na noite dessa terça-feira (22) na Câmara Municipal de Amambai.
“Não temos nada contra nossos irmãos indígenas. Não queremos confrontos e temos certeza que eles também não querem. Nós queremos apenas que seja respeitado nosso direito que está previsto na Constituição Federal, o direito a propriedade e de produzir para o desenvolvimento da nação, direto esse que tem sido ignorado pela Funai e por algumas ONGs que apóiam conflitos e ocupação de terras”, disse o porta-voz do Sindicato Rural de Amambai , Cláudio Agostini.
Clima é tenso- Desde a assinatura, por parte da Funai, no dia 10 desse mês, de seis portarias autorizando estudos para identificação de supostas áreas indígenas em 26 municípios da região, o clima está extremamente tenso, principalmente entre a classe produtora, em Amambai e municípios da região sul do Estado.
Segundo os produtores, a Funai quer a demarcação de áreas quase que continuas que abrangerão os municípios de Dourados, Douradina, Amambai, Aral Moreira, Caarapó, Laguna Carapã, Ponta Porã, Juti, Iguatemi, Coronel Sapucaia, Antônio João, Fátima do Sul, Vicentina, Naviraí, Tacuru, Rio Brillhante, Maracaju, Mundo Novo, Sete Quedas, Paranhos, Japorã, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Bonito e Jardim.