Pesquisas recentes conduzidas pela equipe técnica da Sipcam Nichino demonstraram que o uso de bioestimulantes na soja pode elevar de forma significativa a produtividade das lavouras. Testes realizados em áreas de Goiás, importante polo agrícola do país, apontaram um incremento de quase dez sacas de grãos por hectare, além de proporcionar plantas mais vigorosas e com maior capacidade fotossintética.

De acordo com a empresa, a adoção das soluções Abyss® e Blackjak®, ambas do portfólio da Sipcam Nichino, também entregou grãos mais sadios e de melhor qualidade, quando comparados a áreas que não receberam bioestimulação. Para o engenheiro agrônomo Gabriel Vilella, responsável pelo desenvolvimento de produtos na companhia, a prática tende a ganhar cada vez mais espaço no manejo da cultura, especialmente diante das condições climáticas adversas que comprometem o potencial produtivo.

“O potencial produtivo de cultivos com relevância econômica, caso da soja, tem sido cada vez mais comprometido por condições ambientais que ocasionam estresse ou deficiência nutricional de plantas”, ele explica. “A adoção dos bioestimulantes é certamente a melhor estratégia ante condições ambientais não-favoráveis, como os veranicos”, afirma o engenheiro agrônomo Gabriel Vilella, da área de desenvolvimento de produtos da Sipcam Nichino.

Vilella destaca que situações de déficit hídrico, como os veranicos, podem gerar perdas superiores a 70% na produtividade da oleaginosa. Nesse cenário, os bioestimulantes atuam fortalecendo o sistema radicular, promovendo melhor aproveitamento de nutrientes e disponibilizando fósforo retido no solo. Isso garante plantas mais bem estabelecidas e melhora a relação custo-benefício para o agricultor.

Segundo o especialista, Abyss® é um fertilizante mineral misto 100% à base de extratos de algas marinhas, que estimula processos bioquímicos em diferentes fases da soja. Já Blackjak® é composto por ácidos húmicos e fúlvicos, além de micronutrientes, sendo rapidamente absorvido pelas plantas e aplicado em baixas doses, favorecendo o desenvolvimento vegetativo e a formação de grãos.

O comércio internacional, as novas barreiras tarifárias impostas a produtos brasileiros e as perspectivas para o agronegócio dominaram o Talk Show realizado pelo Portal Agrolink em parceria com o PENSA – FIA Business School, com apoio da Abisolo. O encontro, transmitido ao vivo nesta quarta-feira (10/09), foi mediado por Ivan Wedekin e Suelen Farias, reunindo três nomes de peso: Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), e André Nassar, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE).

Comércio global e geopolítica

Abrindo o debate, Rubens Barbosa destacou o plano de fundo geopolítico que envolve as tarifas impostas pelos Estados Unidos e outros países. “Não estamos diante apenas de uma questão de mercado. O que vemos hoje é um cenário de competição global em que a agricultura brasileira passa a ser vista como ameaça”, avaliou.

O ex-embaixador ressaltou ainda a necessidade de o Brasil ampliar sua diplomacia econômica. “Precisamos negociar acordos comerciais mais abrangentes e diversificar destinos. Não podemos depender de poucos mercados estratégicos, sob pena de ficarmos reféns de medidas unilaterais”, defendeu.

Carne bovina e o acesso aos mercados

Representando a pecuária, Roberto Perosa enfatizou que a competitividade brasileira no setor de proteína animal precisa ser acompanhada por segurança jurídica e comercial. “O Brasil é líder em exportação de carne bovina, mas essa posição está sempre em risco quando surgem barreiras tarifárias”, disse.

Segundo ele, o impacto não se limita às indústrias, mas atinge diretamente o campo. “Quando o mercado fecha ou a tarifa sobe, quem sente primeiro é o produtor rural, que retrai investimentos e reduz a atividade. Isso compromete a renda, o emprego e toda a cadeia”, alertou.

Sustentabilidade como diferencial

Já André Nassar reforçou a importância da agenda sustentável como contrapartida estratégica para enfrentar as barreiras. “O mundo quer comprar mais do Brasil, mas exige comprovação de práticas responsáveis. Mostrar rastreabilidade, reduzir a pegada de carbono e investir em biocombustíveis são pontos fundamentais”, afirmou.

Ele acrescentou que o país tem capacidade de liderar esse movimento: “Somos um dos poucos players capazes de aumentar a produção agrícola sem ampliar o desmatamento. Esse é um trunfo que precisamos comunicar de forma clara”, destacou.

Mediação e reflexões

Na mediação, Ivan Wedekin reforçou que a discussão é um alerta para o setor. “Estamos diante de uma combinação complexa: barreiras comerciais, questões ambientais e demandas crescentes de consumo. Se o Brasil não agir de forma integrada, corremos o risco de perder espaço”, avaliou.

Suelen Farias, por sua vez, destacou a relevância de trazer vozes distintas para o debate. “Essa troca de ideias é o que fortalece o setor. A experiência do embaixador, a visão da carne e a estratégia da soja mostram como os desafios são interligados e exigem soluções conjuntas”, pontuou.

Um chamado para o futuro

Encerrando o encontro, os três convidados convergiram para a mesma mensagem: a necessidade de planejamento de longo prazo. Como sintetizou Barbosa: “Não basta reagir a cada nova tarifa. O agronegócio brasileiro precisa ter uma política de comércio exterior clara, previsível e sustentada por acordos sólidos”.

Perosa complementou: “A carne brasileira tem espaço no mundo, mas só avançará se houver previsibilidade e segurança nas regras do jogo”.

Nassar concluiu lembrando que a sustentabilidade é hoje a chave da competitividade: “Quem não se adaptar, perderá mercado. O Brasil tem tudo para ser o protagonista dessa transformação”.

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A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (10) o Projeto de Lei (PL) 2874/19, que institui a Política Nacional de Combate à Perda e ao Desperdício de Alimentos (PNCPDA).

Entre outros pontos, o projeto prevê programas e parcerias entre a União e os demais entes federativos e instituições públicas ou privadas, organizações da sociedade civil e entidades religiosas para reduzir o desperdício e a perda de alimentos. A matéria segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A proposta aprovada prevê que poderão ser doados a bancos de alimentos, instituições receptoras e diretamente aos beneficiários os alimentos embalados perecíveis e não perecíveis, dentro do prazo de validade, e os alimentos in natura ou preparados, desde que mantidas as propriedades nutricionais e a segurança para consumo humano, respeitadas as normas sanitárias vigentes.

O texto estabelece a exigência de que os bancos de alimentos e instituições contem com um “profissional legalmente habilitado que ateste a qualidade nutricional e sanitária dos alimentos entregues”.

Além disso, os estados e o Distrito Federal poderão adotar medidas complementares, como redução ou isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre alimentos doados. A concessão de incentivos fiscais e creditícios também poderá ser feita a segmentos industriais que produzem máquinas e equipamentos que tenham por finalidade a redução da perda de gêneros alimentícios, a doadores, à instituições receptoras e a agricultores familiares.

A proposta cria o Selo Doador de Alimentos, a ser concedido a estabelecimentos, produtores rurais, cooperativas e associações que realizem doações. Com validade de dois anos e possibilidade de renovação, o selo poderá ser utilizado na promoção institucional das empresas, e os nomes das empresas detentoras serão divulgados pelo Poder Executivo em sítio eletrônico oficial e em seus programas e projetos de combate à fome e ao desperdício de alimentos.

O texto prevê a autorização de dedução, até o limite de 5% do imposto de renda devido por pessoas jurídicas, das doações de alimentos realizadas dentro do prazo de validade ou in natura em condições seguras, antes de computada a dedução do lucro operacional.

Outro ponto é que a base de cálculo do imposto, em cada mês, passará a incluir a dedução da doação de alimentos, bem como as deduções das devoluções, das vendas canceladas e descontos incondicionais.

Estratégias

O projeto traz ainda estratégias para incentivo a pesquisas, capacitação de agentes da cadeia produtiva, fortalecimento das ações de educação alimentar e nutricional nas atividades do ensino fundamental e médio, além do aproveitamento de alimentos impróprios para consumo humano em outras finalidades, a exemplo da compostagem e uso de biomassa para geração de energia.

Há previsão de campanhas educativas voltadas à sensibilização da população, estimulando a aquisição de produtos in natura com imperfeições estéticas, mas seguros para consumo, a adoção de boas práticas de armazenamento, preparo, reaproveitamento e conservação dos alimentos, assim como a prática da doação.