2006-12-27 09:15:00
Sérgio da Luz
Amambai, embora tenha uma área territorial de 4.258,74 km2, e 60% da economia vinda do agronegócio, não consegue suprir sua necessidade básica de hortifrutigranjeiros, verduras, legumes e frutas, por exemplo. É o que revelou a pesquisa elaborada pela secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, que teve à frente a agrônoma Vânia Cristina Pessin. O estudo teve como principal objetivo detectar a origem, o fornecimento e a aquisição desses produtos, para buscar atingir as metas de produção e fornecimento dos alimentos dentro da cidade. Segundo a pesquisa, o valor gerado por esses produtos dentro de Amambai chega a 250 mil reais por mês, e cerca de três milhões de reais anualmente.
“Tal procedimento se fez necessário, haja vista o interesse da secretaria em fomentar a produção local através de um plano estratégico para o desenvolvimento do município” disse Zélia Borges, secretária de Desenvolvimento. Esse projeto visa orientar e capacitar, principalmente os pequenos produtores, para uma diversificação de produção aingindo essa necessidade; duas reuniões já foram realizadas com cerca de 40 pequenos produtores.
Segundo a pesquisa, 75% das verduras consumidas no municipio vêm de pequenos produtores, hoje em Amambai, há inúmeras hortas, pequenas e médias, mas sem especialização e estrutura para enfrentar as diversidades climáticas, os produtores não conseguem manter a qualidade e o rendimento das folhas; “não há uma especialização das verduras, todos plantam a mesma coisa, quando falta pra um falta pra todos”, acrescentou Vânia, coordenadora da pesquisa. “Em certas épocas as verduras perdem a qualidade, as folhas ficam murchas e feias, o consumidor é exigente, quer sempre o melhor”, declara Alberto Carlos Signori, proprietário de um supermercado. Coronel Sapucaia é o refúgio dos comerciantes, na cidade vizinha há uma produção contínua de todos os produtos de folha verde, durante o ano todo.
Os legumes vêm quase todos de outras cidades, 82% de outros estados, Amambai produz somente 6% do que aqui é consumido. O tomate, tradicional componente da salada, vem de Antonio João, a 160Km, o que aumento o custo, por causa do frete.
As frutas, aproximadamente 12% são adquiridos em outros municípios e 84% em outros estados. Os produtos cultivados na cidade são os de época, quando tem maior oferta no pico de produção como chuchu, abóbora, poncã, melancia, manga, entre outros.
Somente o leite pasteurizado entra na lista dos produtos que suprem a necessidade de consumo, são dois laticínios na cidade. O que acarreta a produção de queijo de mussarela e outros derivados. O comércio leiteiro caminha para a expansão de novos mercados, “queremos expandir nossa produção com o iogurte no próximo ano”, informou Valdemar da Silva Junior, proprietário do laticínio Boa Esperança.
As geléias e conservas passam por um dificuldade burocrática, sem selo de qualidade, podem comprometer os estabelecimentos em relação à fiscalização sanitária, e são responsável por 10% dos produtos no mercado. Esses produtos feitos de forma caseira são muito procurados nas feiras, realizadas aos domingos na praça central da cidade.
A pesquisa foi realizada em 13 estabelecimentos (7 mercados e 6 supermercados).
Pontos aonde a produção de hortifrutigranjeiras peca:
– Produção esporádica: Sem estrutura, os pequenos produtores (principalmente com os que cultivam horta) lutam com a adversidade do clima. Para os comerciantes é difícil manter as relações comerciais, pois nem sempre há o produto disponível.
– Adaptação técnicas as exigências: Os produtores tem de acompanhar o desenvolvimento da tecnologia, o que custa caro, auxilio de agrônomos e técnicos é essencial para uma boa produção e rentabilidade. O mercado é exigente.
-Criação de Cooperativa: Sem a união dos pequenos produtores, é praticamente impossível se criar uma política comercial, para Amambai e principalmente para outros municípios. Um bom exemplo é a Associação de Apicultores de Amambai, com parcerias todo o mel produzido para esta safra já esta vendido.
-Incentivos técnicos e financeiros: Para se colher é preciso plantar.Incentivos técnicos para aprimorar e dar competitividade aos produtos da região e incentivo financeiro, pois sem dinheiro investido não há produção. Isso poderá ser realizado através de créditos financeiros, e ajuda vinda do governo.
Quatros pontos que serão trabalhados pela secretária de desenvolvimento:
– Viabilizar recursos e orientação técnica para o produtor obter maior produtividade através da pratica de tecnologias que permita produção de hortaliças durante todo o ano;
– Incentivar a produção de produtos orgânicos, haja vista o crescimento da procura desses produtos;
– Criação da Cooperativa dos produtores para facilitar a comercialização e abastecimento dos mercados bem como possibilitar maior segurança ao produtor com a inspeção sanitária;
– Incentivar a realização da feira do produtor com apoio dos comerciantes com o fechamento dos estabelecimentos;
– Orientação e incentivo a instalações de industria caseiras.
