2007-01-28 22:39:00
Paulo Rocaro
Ponta Porã voltou ao seu cotidiano, para ações de governo e a luta pela ‘pucheiro’ de cada dia. Contudo, a política é algo que não se dissipa. Ela está presente em todos os cantos, em todas as discussões. Bem ou mal, o cidadão se vê diariamente envolvido em debates que, embora não pareça, tem tudo a ver com a vida de cada habitante. A realidade atual de Ponta Porã, em termos políticos, é uma só.
O prefeito Flávio Kayatt (PSDB) saiu fortalecido das eleições. Hoje reina absoluto, embora uma cidade não seja algo fácil de administrar. São muitos os problemas e poucas as soluções. Mais de oitenta por cento destas soluções resumem-se a dinheiro. Com dinheiro no bolso, até o rastro do camarada é bonito. A única oposição de Kayatt na cidade tem nome: Vagner Piantoni (PT).
O ex-prefeito não conseguiu se eleger deputado estadual e está dando um tempo, cuidando dos negócios, administrando seu patrimônio pessoal. Mas não está fora da política. Mais experiente, até por conta das frustrações, vê-se diariamente diante de pessoas que acreditam em sua pessoa e em seu potencial eleitoral. Isso é uma realidade inconteste. É o único com o nariz fora d’água, demarcando território.
Antigos políticos como os ex-prefeitos Aires Marques (PMDB), Carlos Fróes (PRTB) e Bruno Reichardt (PMDB), além do ex-deputado José Carlos Monteiro (PDT), não parecem mais dispostos e encarar uma disputa. Uns por causa da idade, outros por decepção ou por estarem no comando de partidos. Afinal, nos bastidores é que está o poder.
Lideranças intermediárias, que já mostraram ser boas de voto, quase não se movimentam. O ex-deputado Oscar Goldoni (PDT), o vice-prefeito Álvaro Soares (PPS) e o empresário João Dorneles (PDT) são exemplos claros disso. Poderia citar ainda o ex-deputado Gandi Jamil (PSB), dono de carisma formidável, mas não quer nem ouvir falar de candidatura.
Ponta Porã é uma cidade rica em potencialidades, principalmente políticas. Mas alguns jovens que poderiam estar no páreo, como Fabinho Georges e Paulinho Benites, com berços respeitáveis nesta área, também não se arriscam a fazer história, preferindo as tribulações de suas empresas. Ninguém se preocupa em formar novas lideranças. Mesmo assim, há forças que estão emergindo.
Umas com experiência, outras com muita vontade, mas dependem de grupos de apoio. O presidente da Câmara Municipal, Marcelino Nunes (PT) é um grande exemplo. Ele já é uma força emergente no município, pavimentando sua estrada política com muita habilidade. Poderá se tornar, inclusive, candidato a prefeito, se alguma proposta de vice não lhe atrair.
Também emergente, mais estabilizada, tendo passado pelo teste das urnas, temos a ex-primeira-dama Rosa Piantoni (PT). A guerreira sabe que possui votos, mas também não será candidata a coisa alguma se o cavalo não passar devidamente encilhado. O mesmo pode-se dizer do vereador Chico Gimenes (PDT). Doído na oposição a Kayatt, Gimenes é um parlamentar que tem projeto definido para prefeito.
Possui acordo em seu partido e dificilmente abrirá mão dessa chance. Pode até ser vice de alguém, mas se for um projeto compensador. Caso contrário ficará onde está, lutando pela reeleição em 2008. Alguns nomes se habilitam como candidatos a vice-prefeito. Marcelino Nunes é um deles. O sonho do garoto da Vila Áurea (como de qualquer outro político de bem com a vida) é administrar sua cidade natal.
Ele sabe que hoje é Flávio Kayatt quem está realizando este sonho. Já outras lideranças permanecem como vices em potencial: Ivo Cherin e João Dorneles. Diante deste quadro, é de se perguntar quem teria condições de derrotar Flávio Kayatt nas urnas? Eu arrisco dizer que só mesmo uma ‘cara nova’. Aliás, esse é o temor do prefeito. Ele deixou isso muito claro na última entrevista que concedeu à imprensa.
Realmente, no momento não há adversários à altura dele na cidade. Mas uma ‘cara nova’ seria problema. O povo está carente de líderes. Prova é que Lula se reelegeu presidente e, hoje, como Kayatt, reina absoluto. Mas quem seria essa ‘cara nova’, capaz de ameaçar a tranqüilidade do prefeito? Eu garanto que não sou. Não é a minha praia. Mas a pergunta é instigante, não quer calar.
Posso citar cinco nomes, que bem trabalhados e ‘polidos’ politicamente, podem se tornar ossos duros de roer na vida do atual administrador da cidade. Todos são empresários. O primeiro da lista é Gilberto Alves de Souza (Produfértil), que na atualidade é um dos nomes mais fortes para este desafio. Empreendedor, simpático, humilde e bem de vida.
Investe seus lucros na cidade, nunca reclama da vida e tem bom trânsito em quase todos os partidos. O segundo é Felipe Cogorno (Shopping China), que dispensa apresentação, apesar de ser ‘brasiguaio’. É do tipo bom moço, afável, simpático e rico. Outro que poderia muito bem ser trabalhado é Juancito Hernandez (Ipacaraí), filho de família tradicional e muito bem estabelecido.
É um rapaz que goza de prestígio dos dois lados da fronteira. Se for ‘polido’, pode muito bem arrebanhar votos ‘brasiguaios’ em grande quantidade. E por que não apostar em Francisco Gonzalez (Ansa), o ‘Nenê’, cuja disposição é conhecida na fronteira? Ou em Marcelo Rodrigues Afonso (Clínica Odontológica do Povo), dono de um positivismo fora do comum? Estão entre poucos nomes que poderiam derrotar Kayatt na próxima eleição. Contudo, o difícil é convencê-los a entrar na política.
O autor é escritor, jornalista e presidente do Clube de Imprensa de Ponta Porã.