2007-06-26 00:17:37
O deputado Carlos Willian (PTC-MG) disse ter recebido com “perplexidade” a informação, da Polícia Civil de São Paulo, de que há suspeitas de que um colega seu, o também deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG), presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular, pode ter sido o mandante de um plano para assassiná-lo.
“Não existe nenhum motivo de ninguém fazer um ato desses contra a minha vida. Uma atrocidade dessa não caberia a ninguém, tampouco a mim, que me considero correto e nunca prejudiquei ninguém”, disse Willian ao G1.
O deputado disse que não pode afirmar que o suposto mandante fosse o colega Mário de Oliveira, mas afirmou que o material coletado pela polícia na investigação apresenta “provas”, não “suposições”.
O suposto plano veio à tona com a prisão de Odair da Silva, integrante da Igreja do Evangelho Quadrangular, acusado de contratar o serviço. Ele foi preso na última terça-feira (19) na praça de alimentação do shopping Tamboré, em Osasco.
Segundo a polícia, ele disse que acertava o crime com um homem conhecido como "Alemão", que conseguiu fugir. No depoimento, segundo a polícia, Odair da Silva afirmou que o mandante é o deputado Mário de Oliveira.
O G1 está tentando localizar Oliveira. No gabinete dele, em Brasília, os telefones não atendem. O celular do assessor de um irmão do deputado também não atende. A reportagem também ligou para Vitor Abdala Nosseis, presidente do PSC, partido de Oliveira, mas ninguém atendeu as ligações
Desavenças – Segundo Carlos Willian, as desavenças com o deputado Mário de Oliveira começaram em 2002, ano em que o colega apoiou sua candidatura a deputado para, segundo Willian, “fazer número” na coligação.
“Quem deveria ter sido eleito era o pastor Antônio Carlos, mas o resultado das urnas mostraram o fraco desempenho dele e o meu bom desempenho. Pediram que eu renunciasse ao mandato, o que não fiz. A partir daí, cortaram o meu relacionamento com o grupo político”, conta.
Após se afastar da igreja, o parlamentar afirma que teve conhecimento de que Machado determinou que os pastores lessem um comunicado em que o acusava de ter traído a Igreja e seus eleitores. “Ingressei com uma ação na 21ª Vara Cível de Belo Horizonte, proibindo que mencionassem meu nome”, disse.
Para o deputado, os 11.572 votos que o reelegeram em 2005 devem ter “aumentado a ira” do seu antigo colega de coligação.
No início deste ano, durante a posse dos deputados, Carlos Willian disse ter sido agredido verbalmente no plenário pelo ex-aliado. “Ele, de uma forma totalmente descontrolada, me agrediu com palavras de baixo calão. Se não fosse a intervenção da segurança da Câmara, me agrediria fisicamente.”
“Dei entrada em uma representação na procuradoria da Câmara contra ele. A partir daí, ele passou a respeitar minha presença. Achei que estava resolvido”, afirma Willian.
Assessor – agredido No último dia 10, também de acordo com a polícia, um assessor de Carlos Willian teve o apartamento invadido por homens armados em Belo Horizonte. O assessor, cujo nome não foi divulgado, teria sido espancado. Os criminosos teriam levado pertences e R$ 30 mil em dinheiro.
As informações foram confirmadas pela assessoria do deputado. Segundo a assessoria, os criminosos, vestidos com uniformes da PF, teriam tentando obrigá-lo a assinar declarações falsas em nome do deputado.
O deputado disse não ver ligação entre o episódio e a denúncia da Polícia Civil de São Paulo.
Carlos Willian disse que a Polícia Militar está fazendo a segurança da sua família e que a PF disponibilizou um agente para acompanhá-lo. “Não quero tomar nenhuma providência punitiva. Não tenho vingança. Minha maior vitória foi ter me livrado quatro vezes desses assassinatos”, afirma.