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sábado, 12 de julho de 2025

Daniel Riquelme, a dor e a superação de uma quase tragédia

2007-05-29 11:34:00

Antonio Luiz

                A partir desse mês, A Gazeta vai publicar uma matéria em que conta a história de pessoas com as quais convivemos diariamente e que, por motivos vários, se tornaram exemplos de vida para cada um de nós. Na maioria da vezes são casos de superação, algum heroísmo  e muita determinação para enfrentar as vicissitudes, mas todos com o mesmo grau de ensinamento na obstinação de não se  entregarem por mais cruel e dramático que tenha sido sua experiência.

                Nosso primeiro personagem é o vereador Daniel Riqueme de Ricarde, eleito em 2004 com 451 votos. Daniel nasceu, por acaso em Ponta Porã, mas sempre viveu em Amambai onde foi criado, se educou e trabalhou desde a mais tenra idade vendendo picolé ou engraxando sapatos na rua. Teve uma adolescência e juventude igual à de todos os outros garotos, com  futebol, namoradas e aquelas “farrinhas” próprias de idade.

                Adulto, começou a trabalhar na Ciacel onde durante dois anos foi responsável pelo controle de entrada e saída de mercadorias, controle de garantia dos equipamentos vendidos.                                       Entrou para o quadro da Prefeitura de Amambai, onde serviu durante um ano, passou três anos no Fórum como Oficial de Justiça e comissário de menores.

                Em 1993 mudou-se para Campo Grande para procurar novos caminhos e fazer uma faculdade, sonho um pouco difícil de realizar-se à época em Amambai, pois a Uems começaria a funcionar apens anos depois.

                Na capital aconteceu o fato que mudaria sua vida para sempre. Um mal entendido grave, como soe acontecer nesses casos, sofreu uma tentativa de assassinato. Se o objetivo que  era matá-lo, foi frustrado, deixou, no entanto,  marcas que teria que carregar para o resto de sua vida. Com ele não há o menor problema em tocar no assunto. Acontece que além de não valer a pena, especula-se muito sobre o que aconteceu com Daniel nesse triste episódio, mas qualquer que seja a versão cada um cultive, nenhuma é mais dolorosa e sofrida do que o ônus que ele próprio paga. Ficou paraplégico irreversível. Até teve um pouco de sorte em não morrer. Socorrido a tempo passou quinze dias de Unidade de Tratamento Intensivo e mais quarenta e cinco dias internado de onde saiu em cadeira de rodas. Foram mais dois anos fazendo tratamento fisioterápico para amenizar as dores que tanto o maltratavam, mas que também o ensinaram.

                Voltou para Amambai, por algum tempo se isolou com o apoio dos amigos e da família. Quando da possibilidade da criação da Unificam a União dos Deficientes Físicos de Amambai achou que era hora de sair da toca e ajudar seus companheiros de agruras e foi à luta. Com o empenho na causa que abraçara, percebeu que suas perspectivas poderiam ser bem mais amplas. Candidatou-se e foi eleito membro do Conselho Tutelar onde atuou com destaque por seis anos. Estava novamente reinserido na sociedade alçou vôos mais longos. Veio a vereança onde exerce um papel destacado, e por suas próprias experiências, é um  defensor intransigente das minorias com apresentação de requerimentos e indicações que visem melhorar a vida dos menos aquinhoados.

                Por algum tempo foi um homem marcado por um deslize. Superou, levantou e, como diz a música, acudiu a poeira e deu a volta por cima. Hoje tem o respeito de toda a comunidade e não há cerimônia oficial em que não esteja presente para que todos veja que não será uma simples cadeira de rodas que o privará da vida.

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