2007-05-28 19:43:00
Cerca de 200 indígenas ocuparam no início da noite desta segunda-feira (28 de maio) a Administração Regional da Fundação Nacional do Índio em Campo Grande, em resposta ao fracasso nas negociações com a direção nacional do órgão, em Brasília. Os índios solicitam a troca do coordenador-geral da Funai em Mato Grosso do Sul, Claudionor do Carmo Miranda, que teria sido nomeado sem o aval da maioria dos caciques. Caso o pleito não seja atendido, lideranças indígenas ameaçam fechar rodovias próximas às aldeias no interior do Estado, e impedir a saída de funcionários da fundação que sejam “não-índios” dos locais.
Ramiro Luis Mendes, cacique da aldeia Ipeque (município de Aquidauana) informou que a decisão de fechar as estradas foi tomada no início da noite, durante reunião entre os caciques que estão na sede do órgão desde a manhã. Ao longo do dia, os representantes indígenas tentaram manter contatos com a direção nacional da Funai, solicitando a mudança no comando do órgão no Estado.
“Conversamos com a presidência da Funai, mas foram irredutíveis, e disseram que não voltariam atrás”, afirmou Mendes. Ele acusou o presidente nacional da fundação, Márcio Augusto Freitas de Meira, de colocar os grupos indígenas do Estado em confronto. “Entendemos que o presidente quer que os grupos se choquem, para nomear um interventor. Ele é ‘anti-índio’”, disparou.
Conforme o cacique, outros 220 índios devem chegar a Campo Grande nesta terça-feira (29), para engrossar os protestos. “Vamos manter guarda, não iremos arredar o pé daqui. Mesmo que estejamos despreparados, não vamos sair”, afirmou Mendes. Os manifestantes esperam se reunir, também nesta terça-feira, com o governador André Puccinelli (PMDB), para buscar apoio na solicitação para mudança no comando do órgão.
Ultimato – Caso não sejam atendidos em sua reivindicação, os indígenas prometem realizar protestos nas regiões das aldeias, incluindo o bloqueio de rodovias. “Se até o meio-dia de amanhã [terça-feira] não resolvermos esse impasse, vamos fechar as estradas. A orientação já foi dada para as aldeias. Nós também não vamos deixar os funcionários da Funai que não sejam índios deixarem as aldeias”, alertou. Segundo ele, o protesto foi decidido de forma unânime nesta tarde.
Os caciques alegam que a escolha de Claudionor Miranda ocorreu sem que a maioria dos representantes das aldeias fossem consultados. No dia 14 de fevereiro, uma reunião entre 13 caciques na aldeia Limão Verde teria resultado na escolha do coordenador. A alegação dos indígenas é de que Miranda não reúne o consenso das populações.