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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Tráfico tem 5 tipos de fuzil a mais que a polícia

2007-05-13 12:51:00

Em 1988, quase 20 anos atrás, uma nova arma desembarcou no Rio de Janeiro. Centenas de tiros por minuto, balas com alto poder destrutivo, era uma novidade. A cidade era apresentada ao fuzil de assalto. O primeiro a fazer um disparo com ele foi o traficante Naldo da Rocinha – o Tota da época. A polícia só conseguiu ter as armas seis anos depois, como lembra o ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), coronel Mário Sérgio Duarte. Hoje são essas armas que decidem tomadas e retomadas de favelas e que já levaram às emergências dos hospitais do Rio dezenas de inocentes somente este ano, vítimas de suas balas perdidas. Em um mercado de transações que, segundo o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, atingiram a espantosa cifra de R$ 180 milhões entre 1993 e 2003, as favelas do Rio, 20 anos depois, viraram estoque de arsenais de guerra. A polícia, tendo de seguir o mercado legal e as regras dos procedimentos licitatórios do poder público, ficou para trás.

Tropa de elite da PM, presente nas operações mais complicadas, o Bope conta hoje com fuzis FAL 762 e 556, de origem belga, e Colt M16, fabricado nos EUA, além de granadas de efeito moral e explosivos.

O armamento parece ínfimo, se comparado com o catálogo em poder do tráfico: só de fuzis, são oito tipos, além de submetralhadoras Uzi e explosivos.


O atual comandante do Bope, tenente-coronel Pinheiro Neto, diz que sua tropa tem condições, hoje, de enfrentar o tráfico. Descarta comparações entre forças legais e ilegais, mas admite que o principal desafio da unidade de elite para os próximos 10 anos no combate ao narcotráfico é reequipar-se, adquirindo novas armas.


"Precisamos nos reequipar tanto em termos de armamento, quanto de comunicação e de sistemas de inteligência. Hoje, o principal armamento do Bope é o homem. Pode ter o fuzil que for, tem de saber usar", diz Pinheiro Neto, que informa que um projeto de renovação do armamento do Bope já foi apresentado à Secretaria de Segurança e inclui a compra de um fuzil capaz de destruir barricadas montadas pelo tráfico.


Os quatro veículos blindados do Bope também servem como armas e são um dos maiores obstáculos do tráfico. Pinheiro Neto diz que o trabalho realizado pelo Bope poderia ser feito mesmo sem o caveirão. É bom, pois o tráfico já tem em seu poder armas anti-tanque capazes de explodir os blindados.

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