2007-04-28 16:18:00
Brasília – A possibilidade de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir, no próximo mês, a veiculação de comerciais sobre bebidas alcoólicas na televisão e no rádio entre 8h e 20h, deve diminuir o faturamento das agências, mas o mercado publicitário poderá ser incentivado a produzir campanhas de conscientização popular.
Esta é a opinião do representante das agências de publicidade do Distrito Federal, Fernando Brettas. Em entrevista ao programa Ver TV, transmitido pelos canais de televisão da Radiobrás na quinta-feira dia (26), Brettas comentou a regulamentação da propaganda de bebidas alcoólicas, que deve ser divulgada no próximo mês pela Anvisa.
O objetivo da medida, segundo o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, é prevenir o uso excessivo do álcool. Além da restrição do horário, o órgão estabelecerá normas para os rótulos e para os cartazes de divulgação das bebidas, como a exibição de frases de advertência.
Mesmo com a restrição e as novas normas, o publicitário Brettas acredita que o governo também deve se preocupar com a educação da população. “Tirar a publicidade da televisão não vai adiantar. As vendas e o consumo vão continuar aumentando com a divulgação em outros meios, como nos pontos de vendas, nas promoções e no patrocínio de eventos”, afirmou.
Além disso, Brettas defende que o governo puna as pessoas flagradas cometendo violência sob o efeito de drogas. “Quantas pessoas foram atropeladas por motoristas embriagados e estão soltas?”, questiona.
Para o psiquiatra coordenador do Movimento Propaganda Sem Bebida, Ronaldo Laranjeiras, a restrição da publicidade de bebidas no rádio e na televisão somente até 20h não é suficiente. Ele pede, senão a proibição, a ampliação da restrição até as 22hs.
De acordo com o médico, são sugestões da Organização Mundial de Saúde (OMS) para prevenir o alcoolismo, o fim da propaganda, o aumento do preço das bebidas e a proibição da venda para crianças e adolescentes.
Segundo Dirceu Mello, o 5º Levantamento Nacional sobre o uso de drogas da Secretária Nacional Antidrogas realizado com mais de 48 mil estudantes em 2004, mostrou que crianças começam a beber entre 10 e 12 anos “e o consumo tem começado cada vez mais cedo”.
O processo de regulação da propaganda, segundo Mello, será um processo educativo, “assim como foi a campanha de uso do cinto de segurança, pois, hoje as pessoas têm a consciência da importância do uso do dispositivo”.
Mello afirmou que, como o abuso do álcool está relacionado à violência, é função do Estado mostrar outro lado que a sedução da publicidade esconde: o dano à saúde e à sociedade.A restrição da publicidade integra as medidas da Política Nacional sobre o Álcool que deve ser lançada na próxima semana.