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terça-feira, 30 de abril de 2024

Japorã:Vereadores querem a renúncia do prefeito

2007-04-19 07:39:00

Foi bastante tumultuada por populares, a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Japorã, ocorrida na noite de segunda-feira (16). Cerca de 300 pessoas ficaram em frente o prédio da Câmara na expectativa de que os vereadores apresentassem pedido de instalação de uma CP – Comissão Processante, para apurar denúncias contra o prefeito Rubens Freire Marinho (Rubão do PT).

Outra parte dos populares foi ao local para defender a administração municipal. Cartazes, faixas e palavras de ordem aconteceram durante a sessão que teve duração de aproximadamente três horas. Encerrada a sessão, um ato publico aconteceu em frente ao Paço Municipal, com os defensores do prefeito preferindo questionar a ação dos vereadores.

O presidente da Casa, vereador João Carlos Teodoro (PV), abriu os trabalhos somente com as presenças de pelo menos 20 agentes da Polícia Militar e DOF – Departamento de Operações de Fronteira, que tomaram conta da parte externa, entrada e interior do prédio da Câmara.Sob forte esquema de segurança os vereadores iniciaram a sessão, porém, durante discurso do vice-presidente, vereador Lindomar de Oliveira (PR), um líder indígena da Aldeia Porto Lindo gritou por várias vezes dentro do Plenário, acreditando que, sob proteção de Lei, somente a Polícia Federal poderia interpela-lo. Entendendo que dentro da Câmara o indígena está sob a égide do Regimento Interno, o presidente pediu aos policiais que o retirassem da sessão, provocando reação de alguns populares.

A sessão chegou a ser interrompida, por volta das 9h, quando um spray de efeito moral tomou conta de todo o plenário, provocando irritação na garganta, tosse, espirros, dor nos olhos, falta de ar e também coceira nos presentes e também vereadores. A cena, até certo ponto cômica, jamais foi vista durante uma sessão legislativa, no interior do Estado.O presidente do Legislativo, “João da Indiana” suspendeu temporariamente os trabalhos, e os policiais evacuaram todos do interior da Câmara e fizeram uma varredura.

A porta principal foi reaberta para a entrada do publico após o Capitão do DOF, Rozeni, confirmar que estava tudo em ordem. Porém, para voltar a assistir a sessão, as pessoas foram revistadas, uma a uma.

DISCURSOS

Nos discursos, os vereadores salientaram que resolveram “dar um basta” no que eles chamaram de desmandos, falcatruas e atos de irresponsabilidade cometidos pelo prefeito Rubens Freire Marinho (Rubão do PT). Todos que usaram a tribuna, acusaram e atacaram o prefeito, mencionando atos já denunciados junto ao Ministério Público, em Mundo Novo.

O vereador Gabriel disse que fazia oposição sensata, mas que sequer os investimentos aprovados pelo OP –Orçamento Participativo, o prefeito Rubens vinha cumprindo, deixando a Saúde até sem ambulância e num colapso total. Ele apontou como ato illegal a aquisição de um ônibus usado, que mesmo antes de ter sido concluída a licitação, já rodava em Japorã e que o mesmo foi pago depois de um acidente que matou nove pessoas.O primeiro secretário da Câmara, vereador Edivaldo Meira (PT), afirmou que o prefeito Rubão não tem mais condições morais de administrar o Município. “Precisamos passar o Município a limpo. Estarei do lado da Lei e da Justiça e não do lado de meia dúzia que quer benefício próprio do Executivo.

O prefeito vem administrando Japorã de costas para o povo, nunca está presente. Fui seu companheiro desde o início, na base da tolerância. Mas agora tudo chegou ao limite, por isso, sugiro que o prefeito renuncie e não passe pelo constrangimento de ser cassado por uma CPI, e assim, termine sua gestão com pelo menos um ato de grandeza”, aconselhou o vereador, presidente do PT de Japorã. Ele anunciou que também vai deixar o partido que, segundo ele, em Japorã estaria indo na contra mão da história, contra a democracia e o direito dos cidadãos de bem.

O vereador e ex-presidente da Câmara, Paulo Franjotti (PMDB), declarou ao público presente que não estava ali para digladiar com o povo. E chamou a população para que faça uma reflexão sobre a situação que Japorã está vivendo, com dinheiro em caixa (R$ 1,5 milhão), mas com a Saúde sucateada, sem um médico e o prefeito cometendo uma série de irregularidades administrativas com total irresponsabilidade. E declarou que é vereador para fiscalizar os atos do Executivo e vai ajudar a mudar a história política de Japorã para que os atos de improbidade que estariam sendo cometidos pelo prefeito, cessem imediatamente.“E eu provo tudo o que estou falando. Tanto é que estarei encaminhando a Polícia Federal, documentação comprovando que o prefeito, mais uma vez, utilizou recurso do Fundef, e desta vez para quitar acerto de salários de funcionários de outras secretarias. É crime federal”, acusou Franjoti. Ele reportou seu discurso às declarações do vereador Gabriel, que mencionou a compra de ônibus com licitação que ele chamou de viciada. “A morte daquelas nove pessoas vai custar R$ 3 milhões de indenizações aos parentes das vítimas. Mas o prefeito sequer foi lá para dar os pesares aos familiares”, acusou Paulo.

Os vereadores João Carlos Teodoro (PV), Lindomar de Oliveira (PR), Edvaldo Meira (PT), Jair de Souza Lima (PTB), Paulo Franjotti (PMDB), e Gabriel confidenciaram que tinha maioria minima para pedir a instalação de uma CP – Comissão Processante, mas resolveram adiar para que o processo pudesse ser montado sem nenhum erro e dentro da maior legalidade possível, ficando para a próxima segunda-feira (23), a data da sessão que irá pedir a CPI.A sessão de segunda foi prestiada pelo vice-prefeito Célio Evaristo (PPS), ex-prefeitos Luiz Bezerra dos Santos e Sebastião (Tiãozinho), vereador, presidente da Câmara de Mundo Novo Sebastião Reis de Oliveira – PMDB (Tião Barbudo), lideranças comunitárias, rurais e funcionários da prefeitura de Japorã.

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