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quinta-feira, 22 de maio de 2025

Vetado pelo PT, Moka desiste de disputa por Ministério

2007-03-22 03:03:00

O deputado federal Waldemir Moka (PMDB) desistiu de disputar a indicação do partido para a vaga de ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A posição foi oficializada na tarde desta quarta-feira (21 de março) ao presidente nacional da agremiação, deputado federal Michel Temer (SP). Em entrevista ao Campo Grande News, Moka comentou que o fato de ter sido colocado na disputa por duas ocasiões, e tendo seu nome preterido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fizeram com que abdicasse da “corrida” pelo Ministério.

“Meu nome surgiu na primeira lista, quando o presidente preferiu o [deputado] Odílio [Balbinotti, do Paraná]. Na segunda vez, houve essa discussão. Então achei melhor dar oportunidade a outra pessoa, que não encontrasse as mesmas resistências que eu”, disse Moka, que passou a prestar apoio a Moacir Micheletto (PR). O governador André Puccinelli (PMDB), em Brasília nesta quarta-feira, tentou demover Moka da desistência. Porém, o deputado preferiu manter sua decisão.

As “resistências” citadas pelo sul-mato-grossense referem-se à sua posição no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando esteve na oposição e participou de atos contra políticas do governo federal, em especial protestos de produtores rurais contra as políticas para o setor – fato que desagradou setores do PT. O assunto foi abordado nacionalmente nos últimos dias, e teria colaborado com o desgaste do nome de Moka.

Uma segunda hipótese corre os bastidores de Brasília. Integrantes do PMDB chegaram a sustentar que, durante o fim de semana, o ex-governador Zeca do PT teria passado a Lula informações que desmotivaram o presidente a insistir no nome de Moka. Um dos defensores dessa versão é o senador Valter Pereira, que, em entrevista, acusou Zeca de “fazer encrenca” junto ao Palácio do Planalto.

Diante da polêmica a respeito da indicação, o deputado preferiu apoiar um nome que também agradasse o setor. “Achei que isso ajudaria, pois o setor que estava 100% comigo passou a apoiar também o Micheletto”, sustentou. Moka informou, ainda, que durante o dia seu nome voltou a ser oxigenado para o Ministério. No entanto, como já havia manifestado sua posição a Temer, preferiu manter a “desistência”.

Mesmo com essa mobilização dentro do PMDB e da bancada ruralista, o presidente Lula assinala para a indicação de Reinold Stephanes (PR) para o Mapa. O paranaense encontra resistências por não ser considerado um nome ligado ao setor rural. “Eu não tenho restrições contra ele [Stephanes]. Iremos apoiar o nome que for escolhido. Ele pode encontrar resistências no setor rural, mas não politicamente”, opinou Moka.

Desde a primeira listagem, o deputado sul-mato-grossense era tido como um dos mais fortes candidatos para o Ministério. Ex-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, o parlamentar atualmente responde pela terceira secretaria da Casa.

Montanha russa – O PMDB conquistou o direito de indicar o novo titular do Mapa após negociações entre Temer e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo após as eleições para a Executiva nacional do partido – que habilitou o paulista para um novo mandato à frente da agremiação. A intenção era “igualar o peso” entre as bancadas do partido na Câmara e no Senado: enquanto o PMDB Câmara emplacou Geddel Vieira Lima (RN) na Integração Nacional, os senadores do partido conseguiram a indicação dos Ministérios de Minas e Energia (Silas Rondeau) e Comunicações (Hélio Costa).

Os deputados peemedebistas indicariam o ministro da Saúde. Porém, a escolha de José Temporão para este cargo foi considerada mais uma escolha pessoal de Lula, atendendo a pedido do governador Sérgio Cabral (RJ). Ao conseguir a confirmação de que poderiam indicar o Ministro da Agricultura, os deputados do PMDB indicaram, via Temer, uma listagem ao presidente, onde já figurava o nome de Waldemir Moka. Nesta primeira abordagem, Lula preferiu Odílio Balbinotti.

O deputado, maior produtor de grãos de soja do mundo, caiu do cargo antes mesmo de assumir. Denúncias sobre falsidade ideológica envolvendo o parlamentar levaram com que, no último final de semana, ele declinasse da indicação. Uma nova lista foi montada pelo PMDB, na qual Moka figurara ao lado de nomes como Moacir Micheletto, Valdir Colatto (SC) e Reinold Stepnahes (PR), este último o nome que mais teria agradado o presidente, a contragosto da bancada ruralista na Casa – que pedia um nome que melhor se identificasse com o setor, uma vez que Stephanes teria melhores relações com a Saúde.

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