2007-03-14 12:52:00
A adoção de culturas geneticamente modificadas, segundo a análise do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Edgard Pereira, proporciona vários tipos de ganhos para os produtores brasileiros, como redução dos custos de produção, aumento da produtividade e redução do uso de agrotóxicos. "Estima-se que os lucros obtidos, entre 1998 e 2007, pelos produtores de soja geneticamente modificada cheguem a 2,9 bilhões de dólares (cerca de R$ 6,09 bilhões)", afirmou.
Pereira, que realizou o estudo "Benefícios econômicos das culturas geneticamente modificadas no Brasil", ressaltou ainda que os ganhos poderão aumentar com o uso de transgênicos na produção de algodão e milho, que ainda estão em fase inicial no Brasil. O pesquisador participou nesta terça-feira de audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural sobre o tema.
Benefícios ambientais
Em relação ao aspecto ambiental, o pesquisador destacou a redução do uso de herbicidas e de inseticidas. Ele lembrou que o controle de ervas daninhas e de pragas pelos métodos convencionais requer o uso intensivo de produtos químicos, além de máquinas e combustíveis. "Nas culturas transgênicas, além de reduzir os custos e aumentar a produtividade, a emissão de produtos tóxicos e de poluentes é reduzida significativamente, o que é muito positivo em termos ambientais, pois evita o risco de contaminação do solo, dos rios e lençóis freáticos", destacou. A resistência a herbicidas é o principal tipo de gene comercializado atualmente (68%), seguido pela resistência a insetos (19%) e tratamentos combinados (13%).
O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) afirmou que os estudos poderão ajudar a desmistificar os tabus ambientais. O deputado Abelardo Lupion (PFL-PR) complementou: "No caso do algodão, a redução dos impactos ambientais é muito significativa, pois as culturas convencionais utilizam cerca de 11 pulverizações de inseticidas e herbicidas, enquanto o algodão transgênico requer apenas uma pulverização."
Perspectivas otimistas
A história dos transgênicos no Brasil é recente. Em 1998, com a aprovação da venda de soja resistente ao herbicida glifosato, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) abriu caminhos para o cultivo da soja transgênica, a qual passou a ser cultivada legalmente, com autorização provisória, em 2003.
Dois anos depois, com a aprovação da Lei de Biossegurança (Lei 11105/05), o cultivo de soja e algodão geneticamente modificados foi legalizado de forma definitiva. Agora, os produtores reivindicam a liberação do cultivo de milho transgênico. "Precisamos liberar o milho imediatamente, pois é um produto essencial na alimentação em todo o Brasil", defende Lupion.
Em 2006, a bancada ruralista comemorou a aprovação da MP 327/06, que permitiu o cultivo de transgênicos em novas zonas de amortecimento de unidades de conservação; em áreas de proteção de mananciais de água utilizável para o abastecimento público; e nas áreas declaradas como prioritárias para a conservação da biodiversidade.
Os limites estipulados pelo Poder Executivo para o plantio de transgênicos valem até que sejam fixadas novas zonas de amortecimento e aprovados os respectivos planos de manejo. A regra não se aplica às áreas de proteção ambiental e às Reservas de Particulares do Patrimônio Natural. As APAs e as zonas de amortecimento são regiões que circundam as unidades de conservação e podem ser relativamente ocupadas por atividades humanas.