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segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Dourados: Jovem relata caso com padre e diz que o matou após ser “forçado” a fazer sexo

Depoimentos revelam como grupo ajudou a ocultar o corpo e furtar objetos da casa do religioso

As investigações sobre a morte do padre Alexsandro da Silva Lima, de 44 anos, avançaram rapidamente e revelaram detalhes do crime que chocou Dourados. Em depoimento à Polícia Civil, um jovem de 18 anos confessou ter matado o sacerdote na noite de sexta-feira (14) após, segundo ele, ter sido forçado a praticar sexo oral na vítima. O suspeito afirmou que usou uma marreta e uma faca para cometer o assassinato e que, em seguida, roubou o Jeep Renegade do padre com a intenção de vendê-lo no Paraguai por R$ 40 mil.

Suposto abuso e decisão de matar
O autor do crime disse que conheceu o padre por intermédio de um conhecido e relatou que o religioso costumava se aproximar de jovens da região. Segundo o relato, Alexsandro se apresentava apenas como “Alex”, abordava estudantes e oferecia pequenas quantias em dinheiro para encontros.

O suspeito declarou à polícia que esteve na residência do sacerdote na quarta-feira e retornou na sexta já com a intenção de roubar o veículo e dinheiro. Contou ainda que o suposto abuso ocorreu quando ficou sozinho com a vítima e que, após o episódio, decidiu matá-lo.

Ataque com marreta e faca
Em depoimento, o jovem relatou que encontrou uma marreta no imóvel e iniciou o ataque com o objeto. O padre ainda tentou se defender, mas acabou sendo atingido novamente. Em seguida, o agressor utilizou uma faca para concluir a ação.

Após o crime, ele tomou banho na casa, buscou a namorada e passou a circular pela cidade com um amigo de 17 anos, que teria chegado ao local quando o padre já estava morto. Os três foram a conveniências, encontraram conhecidos e mais tarde seguiram para a casa de outro jovem, de 18 anos.

Ocultação do corpo e furto de objetos
Na residência, o autor contou o que havia acontecido e levou o grupo até a casa do padre, onde mostrou o corpo. Mesmo assim, todos continuaram andando pela cidade até a madrugada.

De acordo com a polícia, duas adolescentes auxiliaram na limpeza de portas e objetos, enquanto um dos jovens recolhia itens da casa, como talheres, panelas, bebidas, ventilador e eletrodomésticos.

Após fazer um “limpa” no imóvel, o grupo enrolou o corpo do padre em um tapete, colocou no porta-malas do Jeep Renegade e saiu com todos no banco da frente. Os quatro seguiram até a região da Rua José Feliciano de Paiva, conhecida como Zé Tereré, onde deixaram o corpo próximo a uma área de mata.

Rastros e localização do carro
O desaparecimento do padre levantou alerta quando familiares tentaram contato e souberam que o celular dele havia sido encontrado em um terreno baldio, próximo ao IFMS. O jovem que encontrou o aparelho disse ter visto um Jeep Renegade circulando pela região à procura do telefone.

Equipes policiais foram ao local e localizaram o veículo com três jovens e duas adolescentes na manhã de sábado (15). Enquanto uma equipe realizava a abordagem, outra periciava a casa da vítima e constatava sinais de violência e sangue. Confrontado, o autor revelou onde havia deixado o corpo.

O adolescente de 17 anos confirmou ter estado na casa e dito que ajudou apenas a limpar o rosto da vítima, mas negou envolvimento direto no assassinato. Afirmou também ter recusado participar da ocultação do corpo.

Provas e prisões
A Polícia Civil reuniu provas com base em depoimentos, na perícia no local, na localização da marreta e da faca dentro do porta-malas e na recuperação do carro e do celular da vítima. Objetos furtados foram recolhidos e os investigadores solicitaram extração de dados dos aparelhos apreendidos.

O delegado autuou o autor confesso por latrocínio, ocultação de cadáver e fraude processual. Outro jovem foi preso por furto, ocultação de cadáver e fraude processual. O adolescente de 17 anos foi apreendido por ato infracional análogo ao latrocínio, e as duas adolescentes, de 16 e 17 anos, por atos infracionais análogos a furto, ocultação de cadáver e fraude processual.

A Polícia Civil representou pela conversão das prisões em preventivas e pela manutenção das medidas socioeducativas.

Dinâmica do caso
Segundo o delegado Lucas Albé Veppo, o crime é investigado como latrocínio. O padre morava no Jardim Vival dos Ipês e não era visto desde a noite anterior. O carro foi localizado durante a madrugada, com dois ocupantes que confessaram participação no caso.

No início da tarde de sábado, o corpo de Alexsandro foi encontrado enrolado em um tapete ao lado de uma área de mata no Distrito Industrial. Ele apresentava ferimentos provocados por faca no pescoço e golpes de martelo na cabeça. O crime ocorreu dentro da residência da vítima.

Histórico e repercussão
Em 2018, o padre Alexsandro já havia sido vítima de assalto, quando foi rendido por um ladrão armado dentro da própria casa. Na ocasião, teve o carro e pertences levados.

A Arquidiocese de Dourados divulgou nota lamentando profundamente a morte do sacerdote. Destacou que ele atuava na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Douradina.

Padre Alexsandro havia completado 44 anos em 13 de outubro e foi ordenado em 27 de agosto de 2011.

Fonte: Bruna Marques e Helio de Freitas/Campo Grande News

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