Mato Grosso do Sul é rota estratégica para o tráfico de drogas no Brasil, de acordo com especialista do setor de segurança pública. O estado está na fronteira do Brasil com o Paraguai e Bolívia além de ter divisas com Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Devido à posição geográfica, o estado registra o maior número de apreensões de drogas realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e abriga as cinco maiores apreensões do país, segundo o ranking histórico da corporação. Veja quando e onde foram:
- 🥇1️⃣29,2 toneladas — 8 de fevereiro de 2021, BR-267 (Rio Brilhante)
- 🥈2️⃣28,3 toneladas — 27 de setembro de 2024, MS-158 (Amambai)
- 🥉3️⃣28,0 toneladas — 20 de maio de 2020, MS-295 (Iguatemi)
- 4️⃣27,2 toneladas — 28 de maio de 2025, MS-156 (entre Caarapó e Jutí)
- 5️⃣26,1 toneladas — 28 de maio de 2024, MS-295 (Iguatemi)
Posição geográfica estratégica para o tráfico
Segundo o tenente-coronel Wilmar Fernandes, diretor do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) – vinculado à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública –, o Paraguai é um dos maiores produtores de maconha do mundo. Isso faz com que Mato Grosso do Sul funcione como rota importante para o transporte da droga.
“Nossa fronteira, entre terrestre e aquática, tem mais de 1,6 mil quilômetros e é bastante permeável. Em qualquer ponto é possível atravessá-la, o que dificulta o controle total por parte das forças de segurança”, afirma o diretor.
Segundo o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Mato Grosso do Sul, João Paulo Pinheiro Bueno, o transporte de maconha segue um padrão comum adotado por criminosos:
- 🚚As drogas costumam ser levadas em carretas, principalmente do tipo bitrem;
- 🌽Os veículos são carregados com grãos, para simular uma carga regular;
- 🍃A estratégia visa dificultar a fiscalização, camuflando a droga no meio do transporte legal de mercadorias.
Mato Grosso do Sul, com o Paraná, compartilha a maior extensão de fronteira com o Paraguai e, por isso, concentra mais da metade das apreensões da PRF. “Somados, os dois estados são responsáveis por 53% de todas as apreensões de maconha realizadas pela PRF no Brasil”, destaca o superintendente.
Estrutura da PRF em MS
A Polícia Rodoviária Federal tem 24 unidades operacionais no estado, com 615 agentes e mais de 4 mil km de rodovias sob vigilância. Mesmo com efetivo reduzido, a fiscalização é reforçada por tecnologia e inteligência, segundo o representante da corporação.
“Por unidade, temos de dois a três policiais. Contamos também com equipes táticas, voltadas especialmente ao combate ao narcotráfico. Somos uma polícia ostensiva e de prevenção. Combatemos o crime no momento em que ele está acontecendo”, explica Bueno.
Para compensar a falta de pessoal, a PRF tem utilizado tecnologia e itens importantes: monitoramento eletrônico, drones e cinco cães farejadores. “Temos investimento grande em tecnologia para mitigar o tráfico e garantir segurança pública e viária.”
Números crescentes em 2025
Em 2024, a PRF apreendeu 261 toneladas de maconha e 12,5 toneladas de cocaína em Mato Grosso do Sul. Já no primeiro semestre de 2025, os números continuam altos:
- Maconha – de janeiro a agosto de 2025 foram apreendidas 144,7 toneladas;
- Cocaína – de janeiro a agosto de 2025 foram apreendidas 8,3 toneladas.
Mato Grosso do Sul também lidera o país em apreensões de cocaína. Entre os maiores casos estão os de Sidrolândia, com 1,8 tonelada em 2023, e Paranaíba, com 1,3 tonelada em 2024.
Segundo a PRF, só em 2024 as apreensões causaram um prejuízo estimado entre R$ 400 e 500 milhões ao tráfico. No primeiro semestre de 2025, já foram apreendidas 8,3 toneladas da droga — um aumento de 50% em relação ao período.
“Houve um aumento de 5% nas apreensões de maconha em relação ao mesmo período de 2024, o que indica estabilidade. Já a cocaína teve um crescimento expressivo, de aproximadamente 50%”, explica o superintendente.
Polícia especializada em fronteira
Além da PRF, Mato Grosso do Sul tem o Departamento de Operações de Fronteira (DOF), uma unidade especializada formada por policiais militares e com atuação em 53 municípios, inclusive cidades-gêmeas como Ponta Porã, Corumbá, Paranhos e Mundo Novo.
“Nossa atividade principal é o combate aos crimes transfronteiriços, entre eles, o combate ao tráfico de entorpecentes. Temos um efetivo distribuído pela fronteira, realizando fiscalização, policiamento e barreiras”, explica o Tenente-Coronel Wilmar Fernandes, diretor do DOF.
O DOF também realiza operações integradas com a PRF, o que amplia o alcance e a eficácia das ações. “O sistema de busca de informações sobre rotas do crime são compartilhados e através desses compartilhamentos de informações conseguimos realizar grandes apreensões”, finaliza o diretor.
Fonte: Nadine Lopes, g1 MS