2009-04-04 10:18:00
Conta de energia elétrica mais cara. Essa notícia soou como um desrespeito total aos consumidores de Mato Grosso do Sul essa semana. A discussão sobre o aumento, que pode ser de até 23% (como quer a Enersul) está sendo travada entre a empresa de energia, a Anaeel (que controla os reajustes) e a Assembleia Legislativa de MS, que defende os consumidores. A Enersul tem acumulado lucros extraordinários no Estado e não tem tido o compromisso social que deveria. Falar em aumento de energia elétrica num momento em que é preciso incentivar as indústrias para gerar empregos, é uma discussão que vem na contramão de tudo que se tem feito para combater a crise.
Em 2008, conforme relatório da Enersul publicado no Diário Oficial do Estado, a empresa teve lucro de R$ 68,7 milhões, no acumulado do ano. A energia elétrica de Mato Grosso do Sul, isso já foi divulgado várias vezes, é uma das mais caras do Brasil (se não a mais cara). Em muitas indústrias, como frigoríficos, fecularias, dentre outras, o gasto com energia elétrica representa uma fatia de mais de 30% do custo operacional, o que inviabiliza muitos negócios.
Até as prefeituras vêm tendo dificuldades em quitar suas contas de energia elétrica. A Prefeitura de Dourados, por exemplo, conforme estava estampado nos principais jornais daquela cidade, deve à Enersul cerca de R$ 8 milhões em contas de energia deixadas pela administração anterior. Lá em Dourados, a Enersul ameaça cortar a energia de todas as repartições públicas da Prefeitura, caso a conta não seja saldada. Mas quando é um órgão público, como a Prefeitura, sempre há uma negociação. Mas no caso das empresas e dos consumidores residenciais, não há essa tolerância. Muitos negócios ficam inviáveis por causa do alto custo da energia elétrica.
Ainda bem que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, principalmente através do deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB), vem travando uma luta contra a Enersul, em defesa dos consumidores. Se dependesse só da Enersul, o aumento nos próximos dias (previsto para o dia 8 de abril) já teria sido sacramentado em 32%, conforme avaliação técnica da empresa. A briga está sendo travada e o aumento deve ser anunciado nos próximos dias. Cerca de 35% do que se gasta com energia são destinados a tributos que vão para o Estado e a União. Por isso, também há interesse dos governos nesse aumento.
Mato Grosso do Sul precisa investir mais no processo de industrialização, para fugir um pouco da dependência do setor agropecuário. Recentemente, o governador André Puccinelli disse que os empregos gerados no Estado são mais importantes que os impostos arrecadados. Pois bem, está na hora de pensar em reduzir essa carga pesada que é a nossa energia elétrica. Já temos a tarifa mais cara do Brasil e ainda querem aumentar? Não dá para admitir isso, ainda mais num momento delicado da nossa economia!
