2008-09-03 11:49:00
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Augusto Freitas de Meira, que teria amanhã uma reunião com o governador André Puccinelli (PMDB), adiou a vinda a Mato Grosso do Sul alegando problemas de saúde. Segundo o órgão, o Governo do Estado e a Fundação irão marcar uma nova data para o encontro.
No gabinete de Márcio Meira, a informação é de que o presidente não aparece na Funai desde segunda-feira. A decisão de adiar a vinda ao Estado foi duramente criticada pelo presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ademar Silva, que acredita que a Funai está fugindo da discussão. A Famasul, entidade que representa os produtores rurais, foi uma das entidades convidadas a participar da reunião.
Para Ademar, o argumento de que Márcio Meira está com problemas de saúde *não convenceu nem um pouco”. “Ficou evidente que eles querem fugir do debate. A Funai é um órgão extremamente reacionário. Eles se acham acima da lei”, afirma.
O presidente da Famasul diz que na discussão sobre a demarcação de terras existem duas vítimas: os produtores rurais – que estão na iminência de perder suas propriedades -, e os índios – que, segundo ele, são usados como massa de manobra.
Ademar cita o exemplo da Fazenda Petrópolis, do ex-governador Pedro Pedrossian, que foi invadida por cerca de 80 índios, sem que a propriedade tenha sido homologada para demarcação. “A propriedade é produtiva e a Funai sequer se pronuncia sobre o assunto. Por isso, lançamos a campanha Pense Nisso Sociedade”, afirmou.
A necessidade da reunião está em um estudo que a Funai iniciou em Mato Grosso do Sul para a demarcação de terras. O levantamento da Fundação é sobre uma área de 76.707 km, em 26 municípios, o equivalente a 22% da área do Estado, ou 1/3 da área economicamente aproveitável. A região é responsável por 60% da produção de alimentos de Mato Grosso do Sul.
O Estado tem a 2ª maior população indígena do País, com 65 mil indígenas – 25 mil deles da etnia guarani kaiowá, 16 mil terena, além de kadiweu, guató, ofaié e atikum (estes últimos não são originários do Estado, mas vindos de Pernambuco atrás de uma vida melhor).
