30.9 C
Amambai
segunda-feira, 6 de outubro de 2025

30% dos partos em MS são entre mães adolescentes

2008-09-03 07:04:00

Aos 15 anos, Tatiana dos Santos Torres, segura no colo o pequeno João Fernando, de um ano. A gravidez veio quando ela tinha 14. Experiência de mãe, só mesmo com as bonecas da infância recente.

João Fernando faz parte das estatísticas que apontam que 29% das crianças nascidas no Estado de janeiro a maio, são filhos de mães entre 15 e 20 anos. Há ainda 169 casos de bebês nascidos de meninas com idade entre 10 e 14 anos.

Casos como o da Tatiana se repetem com freqüência, principalmente na periferia. Pensando nessa realidade, a Sogomat-Sul (Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul) realiza em outubro, na Câmara Municipal de Campo Grande um Fórum aberto à população para discutir a sexualidade e anticoncepção na adolescência. O evento integra congresso regional de Ginecologia e Obstetrícia que acontece na Capital de 8 a 11 de outubro.

Complicações – Uma gestação de risco de Tatiana, com dores e descontrole da pressão, denunciava que o corpo ainda infantil não estava preparado para abrigar uma vida. João Fernando nasceu prematuro, com oito meses, e só foi para os braços da mãe depois de 20 dias na incubadora.

Hoje, ela avalia a situação e se considera muito jovem para ser mãe “eu queria ter arrumado filho depois dos 20 anos”, confessa. Uma realidade triste e que ainda deve continuar. Tatiana está grávida de oito meses, do segundo filho.

Para a médica ginecologista e presidente da Sogomat-Sul (Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul), Rita Tavares, “o corpo da adolescente ainda não está preparado para uma gestação e por isso sente um grande desconforto. É uma sobrecarga muito grande, a jovem pode sofrer problemas cardiovasculares sem contar que a estrutura óssea dela ainda não está madura”, explica.

Entre as outras complicações para a adolescente-gestante, Rita Tavares aponta os problemas emocionais, “essa mãe precoce geralmente não desenvolveu autocontrole e fica irritada porque não consegue dormir à noite”, acrescenta.

Tatiana diz que usou camisinha na segunda gestação, mas confessa não conhecer os métodos contraceptivos. Agora, depois de dois filhos, disse que vai procurar ajuda para evitar outros bebês.

Somente através da educação voltada para conscientização e prevenção histórias como estas podem ser mudadas, dizem especialistas. Tatiana não é apenas vítima, mas também filha dessa desinformação. Quando ela nasceu, a mãe tinha apenas 16 anos.

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 06 de outubro de 2025

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

Enquete