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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Ex-vereador indígena preso diz ter sido vítima de armação

2008-08-30 19:02:00

Vilson Nascimento

Em entrevista ao jornal A Gazeta e ao site A Gazetanews, o ex-vereador de Coronel Sapucaia, Daniel Lescano, preso por força de mandado de prisão pela Polícia Federal na manhã dessa sexta-feira (29) na Aldeia Taquapery em Coronel Sapucaia, sob acusação de ter mandado matar um agente de saúde da reserva indígena em novembro de 2007 disse ser inocente das acusações e vítima de uma trama política.

O agente de saúde Alcindo Marques de 61 anos foi assassinado a facada no dia 7 de novembro do ano passado por outro indígena, Lousinho Lescano de 22 anos que acabou preso em flagrante.

Em depoimento da Delegacia de Polícia Civil de Coronel Sapucaia logo após sua prisão, Lousinho disse que teria recebido R$ 140,00 reais do então vereador pelo PDT em Coronel Sapucaia, Daniel Lescano para cometer o crime, porém ao depor em juízo o acusado teria voltado atrás em relação à versão apresentada à polícia e relatado que havia acusado o vereador por conta de ameaças que vinha sofrendo de adversários de Lescano dentro da aldeia que o teria obrigado a jogar a culpa pelo crime sobre as costas do então vereador que também era o “capitão” da Aldeia Taquapery na época e enfrentava forte oposição por parte de adversários que queriam o cargo na reserva indígena.

Ao tomar conhecimento sobre a acusação que pesava em desfavor, Daniel Lescano fugiu e não compareceu mais nas sessões da Câmara Municipal.

Ele teve a prisão preventiva decretada pelo Juiz Titular da 1ª Vara de Execuções Penais da Comarca de Amambai. Dr. César de Souza Lima e por não comparecer as sessões, acabou tendo o mandado cassado pela Câmara Municipal em fevereiro, onde assumiu a vaga em seu lugar o então ex-vereador e primeiro suplente na coligação pela qual Daniel foi eleito, Anselmo Lázaro (PSDB) e desde então permaneceu foragido até a manhã dessa sexta-feira quando foi preso.

“Fui vítima de uma armação”, diz Daniel- Em entrevista a nossa reportagem, Daniel Lescano foi categórico em afirmar que foi vítima de uma armação política praticada por políticos brancos e afirmou que não mandou matar o agente de saúde Alcindo Marques.

“Fui vítima de uma armação de políticos de Coronel Sapucaia que se aliaram com meus adversários pela disputa de liderança dentro da aldeia para armar essa cilada. Nunca tive desentendimento com Alcindo Marques, sempre tivemos um bom relacionamento e não teria o menor motivo para mandar matá-lo”, disse Daniel Lescano ao afirmar que ele foi o responsável pela vinda da vítima para a Aldeia Taquapery.

“Foi eu quem trouxe o Alcindo aqui para a reserva indígena. Ele trabalhava na Aldeia Sassoró em Tacuru e conhecendo sua capacidade profissional, eu o convidei para vir trabalhar aqui na Taquapery e ele aceitou. Éramos amigos”, finalizou o ex-vereador.

Daniel disse que conhecia o autor– De acordo com Daniel Lescano ele conhecia o assassino do agente de saúde, porém não tinha contatos com ele.

“Conheço o Lousinho Lescano que apesar de ter meu sobrenome não é meu parente. Ele teve pai e mãe assassinado em Coronel Sapucaia e eu, no posto de capitão da aldeia, acompanhei o caso na época, mas nunca tive um relacionamento próximo com ele. Sempre via ele andando pela aldeia mas não conversávamos”, disse Daniel ao atribuir que a armação para incriminá-lo e tira-lo do cargo de vereador partiu de um grupo político de Coronel Sapucaia.

“Quando sai do PMDB, partido pelo qual me elegi vereador em 2004, para ingressar no PDT, fui convidado e sofri várias pressões para me filiar em outra sigla partidária. Como não aceitei, passei a sofrer várias ameaças dizendo que minha carreira política estaria acabada”, isso me faz deduzir que partiu desse grupo toda a armação para me incriminar”, finalizou Daniel Lescano, que está preso no EPAm (Estabelecimento Penal de Amambai) à disposição da Justiça.

Advogado diz que cliente é inocente– Por telefone Dr. Leopoldo Azuma, advogado de defesa do ex-vereador, disse estar convicto que seu cliente é inocente. “Meu cliente é inocente. Ele foi vítima de uma armação e vamos provar isso nos autos”, disse o advogado.

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