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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Missão Evangélica Caiuá completa 68 anos em Amambai

2008-08-29 16:49:00

Suzana Machado
Mais antiga que a emancipação do município, a Missão Evangélica Caiuá completou, nesta quinta-feira, 68 anos de trabalhos prestados em Amambai. Em Dourados, ela existe há 80 anos.


A Missão Evangélica Caiuá tem seu trabalho voltado para a população indígena. "A Missão trabalha com o lado espiritual, em primeiro lugar, assistência na área da saúde, educação e exerce trabalho filantrópico", esclarece Maria Gonçalves Rocha, diretora da Escola Mitã Rory, localizada na Missão.


A Missão chegou em Amambai em 1940 já fundando a escola. "Muitas igrejas daqui foram fundadas com a ajuda dos primeiros missionários da Missão, como é o caso da Igreja Batista."


Maria está na Missão desde 1990, juntamente com seu esposo, Mário Rocha, chefe de campo. De acordo com Maria, no início existia um posto de saúde na Missão, que acabou extinto com a centralização dos atendimentos na sede da Funasa no município. "Em Dourados existem dois hospitais dentro da Missão e atendimento odontológico."


A Escola Mitã Rory conta com 646 alunos, entre o Pré-escolar e a 5ª série. "Temos também o EJA (Educação para Jovens e Adultos) à noite, terceira e quarta etapas. Quando chegamos aqui, em 1990, não tinha nenhum indígena com Ensino Médio no município. Hoje já temos alunos formados, alguns cursando faculdade, outros já terminaram e estão dando aula."


Maria conta que no início o preconceito sobre o índio era ainda maior e foram muitas as brigas travadas pela Missão Evangélica Caiuá contra a discriminação. "Em todos os lugares e etnias existem pessoas boas e ruins, as que querem e as que não querem trabalhar, as que bebem e as que não bebem. Entre os indígenas é a mesma coisa; não existe diferenciação; costumamos dizer que os pecados são os mesmos entre todas as raças e nenhuma está isenta desses tipos de problemas."


A diretora da escola reconhece que esse processo de demarcações de terras indígenas acaba contribuindo para que algumas hostilidades contra os índios tomem mais espaço. "As pessoas não pensam que são as grandes instituições que estão trabalhando com isso; é a Funai, são organizações não governamentais; o índio acaba sendo o fim da linha nessa história. Para se ter idéia, a maioria não está interessada em mais terras; o que eles querem são meios para que possam ter uma vida digna, como qualquer outro ser humano."


Maria acredita que a sociedade deve deixar de ver o índio como se ele vivesse em uma gaiola e alheio aos demais setores da sociedade. "O índio tem que participar do crescimento social, a não ser aqueles que querem ficar lá no ‘canto deles’, mas os demais têm que ter acesso à educação, que é a base para qualquer comunidade. Se eles querem, têm todo o direito de correr atrás e buscar se desenvolver."


Na escola os alunos têm além das matérias triviais, aulas de Guarani e conhecimentos específicos sobre a sua cultura. "Ano passado tivemos uma professora indígena que ministrou aulas de artesanato para os alunos, ensinando-os a fazer colares, redes, cocares, lanças, tudo relacionado à cultura dos mesmos."


A Missão atende indígenas das etnias Guarani e Kaiowá da Aldeia Amambai e Limão Verde. "Realizamos também trabalhos de assistência social e espiritual nas aldeias Jaguari e Guaimbé." Em Amambai, 12 pessoas trabalham na Missão.


De acordo com Maria, os fundadores da Missão Evangélica Caiuá em Mato Grosso do Sul foram o reverendo Orlando e sua esposa, dona Loidi. "O reverendo Orlando, no início, percorria toda essa região, de Dourados até aqui, a cavalo."


Em comemoração aos 80 anos da Missão Evangélica Caiuá, em Dourados será inaugurado o templo da Igreja Evangélica Indígena Presbiteriana no Brasil, neste sábado. A comemoração contará com a presença de 1.500 indígenas dos municípios de Amambai, Iguatemi, Coronel Sapucaia, Antonio João, Caarapó e Tacuru.

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