2008-08-28 07:05:00
Já se foi o tempo em que fumar era motivo de status e vistos com bons olhos. Desde os anos 90, a publicidade em televisão é proibida, o que representa diminuição no número de fumantes. Mas o mercado do tabaco continua firme, atraindo cada vez mais jovens e mulheres para os grupos consumidores.
“As pessoas começam a fumar por falta de conhecimento, por conta da pressão social, que acaba impelindo o individuo a fumar para se sentir integrado socialmente, e principalmente por ter algum conhecido que fuma, normalmente dentro de casa, como pai, mãe, avó ou outro”, explica Andréa Reis, do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que participa em Campo Grande das atividades do Encontro Estadual do Programa de Prevenção Primária ao Câncer/Tabagismo da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Andréa aponta vários fatores de risco a que a sociedade já se encontra exposta, que podem vir a desenvolver uma doença ou câncer. “Alguns tem problemas advindos de características genéticas, ou por conta de exposição inadequada ao sol, ausência de uma alimentação saudável, sedentarismo e consumo de álcool. Se fosse apenas por isso, as possibilidades já seriam bastante expressivas. E ainda há aqueles que escolhem fumar, agregando um forte ponto negativo no possível desenvolvimento de câncer”.
Segundo o Inca, estima-se que neste ano, surjam 17.810 casos novos de câncer de pulmão entre os homens, e 9.460 entre as mulheres. Andréa explica que a indústria se foca no público feminino movido por fator cultural. “As mulheres sempre foram subjugadas pelo homem. Foram eles que votaram primeiro, que usavam calças, que detinham o poder, que ganhavam bons salários.
Por conta dessa cultura machista, as mulheres acabam buscando se vestir como homens, beber como eles e fumar igual ao público masculino. Mas a diferença biológica faz com que elas fumem mais cedo e em maior quantidade, o que é um atrativo para a indústria do tabaco”.
Tratamento
Os indivíduos que desejam se livrar do vício contam com 38 unidades de saúde em Mato Grosso do Sul que já realizam o tratamento. O primeiro passo é uma avaliação com médicos, psicólogos e assistentes sociais, que irão determinar o grau de dependência da pessoa.
A seguir, eles recebem acompanhamento por meio de terapias grupais. Em alguns casos, são ministrados medicamentos, distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. “Mas o medicamento não é garantia do tratamento, é preciso querer parar de fumar”, ratifica Andréa.
Ambiente fechado
A lei 9.294/96 proíbe que se fume em ambientes fechados, mas já deixa o caminho livre em locais identificados para tal fim, como as áreas para fumantes. Já está em análise um projeto que pretende modificar a lei, abolindo de vez o consumo de tabaco em local fechado.
“Não há sistema de ventilação ou outro tipo de mecanismo que garanta a saúde de quem tem contato com a fumaça de cigarro. Uma pessoa que transita durante um dia em local onde é permitido fumar, pode ter consumido o equivalente a dez cigarros ao final do dia, somente com a fumaça absorvida”, acrescenta Andréa.
Entre os possíveis fumantes passivos, encontram-se garçons e atendentes de estabelecimentos comerciais que, mesmo não fumando, transitam nos ambientes destinados aos fumantes. Por conta disso, as chances de desenvolver câncer de pulmão aumentam em seis vezes, e dobra o risco de sofrer infarto.
Em Mato Grosso do Sul, 18 empresas públicas e privadas já participam de programa que não permite, em nenhuma hipótese, o consumo de cigarro em ambiente fechado. “Somente com a extinção dessa prática é que a qualidade de vida de todos pode melhorar”, salienta Albertina Carvalho, gerente técnica do Programa Estadual de Prevenção Primária ao Câncer/Tabagismo.