2008-08-12 11:48:00
Suzana Machado
Em um momento onde dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior demonstram um aumento de 835% na exportação de carne bovina de Mato Grosso do Sul somente no primeiro semestre de 2008, em comparação com o mesmo período de 2007, o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp) faz um alerta. De acordo com pesquisa divulgada pelo Cepagri, as mudanças climáticas que vêm ocorrendo em processo acelerado no planeta podem causar retração na exportação de carne brasileira, isso porque o aumento das temperaturas poderá afetar as condições da pastagem para desenvolvimento do gado de corte.
Hilton Silveira, diretor do Cepagri, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba), que coordenou o estudo sobre o aquecimento global e seus impactos na agricultura nacional, afirma que o aquecimento no clima é um grande problema e pode diminuir a produção de alimento animal.
De acordo com a pesquisa feita por Hilton, com o aumento da seca o custo de produção de carne deve subir de 20 para 45%, o que elevaria o custo médio da produção de carne no Brasil, que hoje é de aproximadamente US$ 1,60 o quilo para US$ 2,88. O diretor do Cepagri ainda acrescenta que se a situação climática se agravar ainda mais, essa elevação pode chegar a US$ 4,16 o quilo.
Nessa situação o pecuarista brasileiro poderá perder em competitividade para outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, onde os efeitos das mudanças climáticas podem ser mais amenos.
A pesquisa foi apresentada ontem na abertura do 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness, promovido pela Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), cujo tema central é Agronegócio e Sustentabilidade.
Para o agrônomo Adalberto de Mello Favilla, os agricultores e pecuaristas já estão sofrendo com este desequilíbrio climático. “O homem do campo já está sentindo as conseqüências da instabilidade do tempo. Mês passado mesmo, o agricultor não esperava a geada que ocorreu aqui no município de Amambai e em outras regiões, que agrediu muito as plantações de milho”, ressalta o agrônomo. A situação também é válida para as pastagens, que acabam sofrendo os efeitos do gelo.
De acordo com Adalberto, uma solução seria apelar para a consciência ambiental dos produtores rurais. “O produtor deve continuar seguindo a Lei, no que diz respeito aos 20% de reserva ambiental nas propriedades, mais a conservação das matas de beira de rios e brejos.”
Os cuidados com o meio ambiente seriam uma das formas de retardar o aquecimento global e as suas conseqüências, sentidas principalmente no campo, tanto na área da agricultura, quanto na pecuária.