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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

“Demarcação envolve toda a sociedade”, diz prefeito

2008-08-08 17:00:00

Vilson Nascimento

Os estudos antropológicos desencadeados pela Funai (Fundação Nacional do Índio), visando a demarcação de terras indígenas em Amambai e mais 25 municípios da região não é um problema que atinge só a classe produtora, mas a economia e toda a população desses municípios. A avaliação é do prefeito de Amambai, Sérgio Barbosa

Durante uma entrevista ao jornal A Gazeta e ao site A Gazetanews na manhã dessa quinta-feira (7) o prefeito mostrou toda sua indignação e preocupação em relação ao problema e ressaltou as iniciativas adotadas pelo Poder Executivo Municipal visando amenizar o problema, que segundo o prefeito causou instabilidade e já está gerando insegurança nos investidores e preocupação na população, não só em Amambai, mas em toda a região.

“Assim que tomamos conhecimento da portarias baixadas pela Funai autorizando a realização dos estudos, que incluem o município de Amambai, encaminhamos documentos aos nossos parlamentares, tanto em esfera estadual como federal e participamos de várias ações e reuniões na capital do Estado e na região para debater, unir forças e lutar, pelos menos políticos, para barrar essas ações que já estão prejudicando toda a economia da região”, disse Sérgio ao ressaltar que o Governo do Estado e a maior parte dos parlamentares de Mato Grosso do Sul e representantes da bancada estadual em Brasília estão empenhados na luta para tentar derrubar as portarias e barrar as ações de identificação e demarcação de áreas na região.


Ações não foram discutidas

Outro ponto que segundo o prefeito, indignou, tanto a ele como as demais autoridades do município e da região atingidos pelos estudos antropológicos, foi a ação unilateral da Funai e das equipes responsáveis pelos estudos antropológicos que se quer comunicaram as autoridades locais sobre a ação.

“Fomos completamente ignorados. Até agora não recebi se quer um documento ou comunicado da Funai ou dos antropólogos informando ou prestando algum esclarecimento sobre a questão, mesmo tendo conhecimento do impacto e a insegurança que as medidas adotadas por eles está causando na vida de milhares de pessoas”, ressaltou Sérgio ao relatar que o caminho correto teria sido a convocação de uma reunião, por parte da Funai, envolvendo autoridades e representantes de classes de todos os municípios incluído nas áreas em estudo para discutir a questão.

Ação da Funai afastam índios e brancos

Na avaliação do prefeito, além do prejuízo econômico e da insegurança, com riscos iminentes de confrontos entre índios e brancos em toda a região pela disputa da terra, a atitude da Funai, através da emissão da autorização para a realização de estudos para a demarcação de terras sem informar discutir o assunto com as autoridades e a população da região, entre eles os próprios indígenas, já que a maior parte dos índios que habitam as aldeias da região não sabem do que se trata e se quer reivindicam terras, já está gerando discriminação e se essa situação continuar, vai agravar ainda mais a exclusão, ou seja, uma espécie de “Apartheid”, envolvendo brancos e índios na região.

“A situação é grave e esse assunto deve ser amplamente discutido no âmbito social, político e judicial. Se esses estudos continuarem, além da economia da região, a própria população indígena vai acabar sofrendo”, disse o prefeito ao ressaltar que a questão tem que ser tratada com seriedade que a situação requer e não pode ser usada para tirar proveito com fins eleitorais, tendo em vista as eleições municipais que se aproximam.

“Reconhecemos que o clima na região é de tensão. Cabe a nós, como administradores públicos, acalmarmos os ânimos e buscar uma saída pacífica para a questão. Tem que haver diálogo para tentar evitar que essas ações acabem em violência”, disse o prefeito ao finalizar dizendo que a questão é agravada mais ainda por conta da Constituição Federal que prevê apenas a indenização das benfeitorias caso a terra seja classificada como aera indígena.

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