2008-07-23 18:57:00
Vilson Nascimento
O Sindicato Rural, a Associação Comercial e vários segmentos da sociedade amambaiense estão se mobilizando para a realização de abaixo assinado com a coleta de assinaturas de moradores de Amambai e toda a região, contrários a iniciativa do Governo Federal que, através da Funai (Fundação Nacional do Índio), baixou, em 10 de julho último, seis portarias autorizando a realização de levantamentos e estudos antropológicos em 26 municípios da região sul do Estado
Os estudos têm por objetivo identificar para demarcação “supostas” áreas indígenas para ampliar o número de reservas em toda a região o que, na opinião dos produtores, comerciantes e moradores da faixa apontada pelo mapa divulgado pela Funai, comprometeria toda a economia dos municípios que tem praticamente toda sua arrecadação e seu comércio voltado e mantido pelo agronegócio além de afetar também a economia do Estado, já que, segundo o Governo de Mato Grosso do Sul, cerca de um terço de terras hoje cem por cento produtivas, deixariam de produzir.
Reunião marcou início da mobilização- Desde a semana passada quando prefeitos e representantes da classe produtora dos 26 municípios atingidos pelas portarias baixadas pelo Governo Federal, mantiveram uma reunião com o Governador do Estado, André Puccinelli, para tratar sobre do assunto e tomaram conhecimento, na prática, sobre a gravidade do problema, a classe produtora começou a se mobilizar, mas em Amambai somente essa semana a manifestação foi mais abrangente.
Uma reunião convocada pelo Sindicato Rural e pela ACIA (Associação Comercial e Empresarial de Amambai) realizada na noite dessa terça-feira (22) para discutir o assunto lotou o plenário da Câmara Municipal local.
Estavam presentes produtores rurais, comerciantes, presidentes de associações de bairros, representantes do poder público, de entidades de classes e pessoas da própria sociedade amambaiense, todas preocuparas com a situação que está provocando grande tensão em toda a região.
Ao fazer uso da palavra o presidente do Sindicado Rural de Amambai, Christiano Bortolotto, expôs a preocupação da classe produtora que poderá até ser expulsa de suas terras caso as portarias não sejam revogadas, fator que segundo o presidente, tornará inviável qualquer atividade de agronegócio na região.
“Hoje já sentimos isso. O produtor está com medo de investir em sua propriedade por conta dessa insegurança e a situação vai se agravar ainda mais se nenhuma solução for tomada com urgência. Temos que nos mobilizar, não só o produtor rural, mas toda a sociedade porque corre o risco de Amambai e vários municípios da região se tornar inviável para qualquer atividade”, disse o presidente.
O presidente da Associação Comercial, Rodrigo Selhorst também manifestou a grande preocupação da direção da entidade e de toda a classe empresarial de Amambai em relação ao problema.
“É uma situação insustentável. Com essa ameaça quem vai querer investir em Amambai?. Estamos passando por um momento crítico em nossa história e temos que unir forçar para lutar para que nosso município não se torne um município sem perspectiva de crescimento e de vida para nossa população”, ressaltou Rodrigo.
Amambai pode virar “Nação Guarani”- De acordo com os levantamentos realizados pelo Governo do Estado e pela classe produtora o objetivo da Funai e, segundo os produtores, de ONGs (Organizações Não Governamentais) como o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) órgão ligado à Igreja Católica e outras organizações estrangeiras que estariam fomentando e agindo em defesa das demarcações, é transformar Amambai e toda a região de fronteira com o Paraguai em uma grande “Nação Guarani”, mesmo que para isso infrinjam a Constituição Federal, acabem com a economia dos municípios e do Estado, além de afetar diretamente a soberania nacional, já que pelo menos, segundo avaliação do Governo do Estado, mil quilômetros de fronteira entre Brasil e Paraguai passaria a ser “terra de ninguém”, já que sem estrutura e apoio da Funai como vem ocorrendo atualmente, os indígenas não tem condições de produzir nem nas terras que tem a seu dispor na região.
Cláudio Agostini, produtor rural e membro do Sindicato Rural de Amambai, que vem acompanhando há anos toda a movimentação entorno dos rumores de ocupação e demarcação de terras supostamente indígenas na região, relatou que as informações dão conta que a idéia inicial é criar aldeias com distâncias máximas de
“Se isso vier a acontecer vai inviabilizar qualquer atividade agrícola na região”, disse Agostini ao ressaltar que esse seria um primeiro passo para no futuro interligar todas as áreas e tornar a região, que abrangeria também a região de fronteira do lado paraguaio e criar da suposta “Nação Guarani”, uma espécie de país dentro do Brasil.
A partir da reunião dessa terça-feira, sindicatos, entidades, a classe empresarial e segmentos da sociedade amambaiense já passaram a trabalhar no sentido de agilizar o mais rápido possível o abaixo assinado, documento esse que será encaminhado ao Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, expressando o clima de tensão e medo que a população da região atravessa e pedindo a suspensão das portarias que autorizam a realização de levantamentos e estudos antropológicos na região.
De acordo com o Ministério da Justiça a partir da publicação das portarias a Funai já estaria liberada para montar as equipes de trabalho e começar os levantamentos nas áreas pretendidas.
Também estiveram participando do movimento na noite dessa terça-feira em Amambai, o presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Márcio Margato e membros da diretoria do Sindicato Rural de Ponta Porã, municípios que também estão na lista para terem suas terras tomadas pelos indígenas.
Além de Amambai, Iguatemi e Ponta Porã, também estão na relação da Funai para estudos os municípios de Dourados, Douradina, Aral Moreira, Caarapó, Laguna Carapã, Juti, Coronel Sapucaia, Antônio João, Fátima do Sul, Vicentina, Naviraí, Tacuru, Rio Brilhante, Maracajú, Mundo Novo, Sete Quedas, Paranhos, Japorã, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Bonito e Jardim.