2020-03-17 20:36:41
Vilson Nascimento
Enquanto no mundo, no Brasil e no Mato Grosso do Sul só se fala em coronavírus, o Covid-19, em Amambai a preocupação real das autoridades sanitárias é outra. Os números de notificações e de casos de dengue dispararam de janeiro para cá.
A cidade registrou essa semana o primeiro caso grave de paciente relacionado à dengue em 2020.
Depois de receber atendimento no Hospital Regional de Amambai, um homem de 41 anos, com sintomas de dengue hemorrágica, foi transferido às pressas na noite dessa segunda-feira, 16 de março, para uma unidade de saúde com maiores recursos médicos na cidade de Dourados.
De primeiro de janeiro até a sexta-feira, 13 de março, quando foi emitido o último boletim pela Vigilância Epidemiológica do município, Amambai tinha 705 notificações de casos suspeitos de dengue, com 111 casos positivos para a doença. 85 confirmados por critério epidemiológico, ou seja, através de testes realizados por laboratórios particulares e 26 confirmados pelo LACEN (Laboratório Central) do Estado, em Mato Groso do Sul.
O boletim epidemiológico da semana anterior, emitido na sexta-feira, dia 6 de março, indicava que Amambai tinha 463 notificações de casos suspeitos, com 100 casos confirmados para a doença.
Em apenas uma semana foram 242 novas notificações com pelo menos mais 12 novos casos confirmados de dengue na cidade.
O grande número de pessoas com sintomas da doença também tem provocado uma corrida às unidades de saúde do município.
Hoje, segundo o diretor-administrativo do Hospital Regional de Amambai, Paulo Sérgio Catto, cerca de 40% dos pacientes internados na unidade de saúde, o único hospital com atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no município, é em decorrência da dengue.
Apesar do grande número de notificações e de casos confirmados de dengue, até a noite dessa segunda-feira (16) não havia registro no município, segundo a Vigilância Epidemiológica e a direção do Hospital Regional, de pessoas com sintomas mais graves da doença.
Dengue nas aldeias
A dengue não está fazendo vítimas só na cidade. Segundo o chefe da regional da CASAI (Casa da Saúde Índio) em Amambai, Leonildo Acosta, o “Léo”, de primeiro de janeiro para cá já foram realizadas 21 notificações de casos suspeitos de dengue nas aldeias do município.
Foram 11 notificações na aldeia Amambai, 9 na aldeia Limão Verde e 1 na aldeia Jaguary, mas não há confirmação de casos positivos para a doenças nas comunidades guarani-kaiowá.
Ações preventivas
Sem o inseticida usado para o controle químico do mosquito transmissor da doença, que está em falta em todo o Brasil, a equipe do setor de Controle de Vetores da prefeitura tem usado armadilhas (ovitrampas) para combater a proliferação do Aedes Aegypti, o mosquito, que além da dengue, também transmite outras doenças como o Zica vírus e a febre chikungunya, por exemplo.
Segundo o chefe do Controle de Vetores em Amambai, o agente de combate a endemias, Luís Henrique Aguero da Cruz, na armadilha, que tem como base um pedaço de madeira áspero, adequado para a desova, é colocado um substrato que atrai as fêmeas do Aedes Aegypti para colocar os ovos naquela localidade, que, por sua vez, são destruídos pelos agentes de endemias.
Segundo Aguero com a falta de inseticida específico para o combate ao Aedes Aegypti, fator que deve ser solucionado até o final deste mês, quando está prevista a chegada do produto, a equipe de controle de vetores intensificou também as ações de orientação à população e o controle mecânico, com a eliminação dos possíveis criadouros do mosquito.
De acordo com o Controle de Vetores, os profissionais da área estão trabalhando de forma intensificada, mas sem a colaboração da população, que deve se policiar e não jogar lixo a ermo ou em terrenos baldios, bem como não deixar água parada em seus quintais, casas e estabelecimentos comerciais, locais que vão servir como berço para o mosquito depositar seus ovos, fica impossível impedir a proliferação do Aedes Aegypti.
Zica e Chikungunya
Outras duas doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, à febre chikungunya e o Zica vírus estão controladas em Amambai.
De primeiro de janeiro até a emissão do último boletim epidemiológico por parte da Vigilância Epidemiológica, na sexta-feira, dia 13, a cidade tinha 17 notificações de chikungunya, mas desse montante 10 já haviam sido descartados por exames laboratoriais e 7 ainda estavam em análise.
Já em relação ao Zica vírus, Amambai havia registrado de janeiro até a sexta-feira (13) dois casos suspeitos da doença. Um foi descartado e outro ainda estava em análise, em laboratório.
Prefeito está preocupado
Durante uma entrevista coletiva à imprensa para falar sobre as medidas da administração para a prevenção ao Covid 19 no município, o prefeito Dr. Edinaldo Bandeira externou sua preocupação em relação ao crescente número de notificações e casos confirmados de dengue em Amambai.
Na entrevista ele falou sobre a doença e as medidas para impedir a propagação do mosquito transmissor. ASSISTA no vídeo abaixo.