O mercado internacional de trigo encerrou 2025 marcado por uma trajetória predominantemente negativa nos contratos negociados em Chicago, refletindo um ambiente de ampla oferta e dificuldades para sustentação de preços. Segundo análise da TF Agroeconômica, a tentativa de recuperação registrada no primeiro trimestre do ano não se sustentou e deveria ter sido aproveitada pelos agentes do mercado.
Ao longo do período, os preços oscilaram dentro de uma estrutura técnica claramente baixista, com topos e fundos descendentes. As máximas anuais foram observadas entre janeiro e fevereiro, na faixa de 670 a 680 cents por bushel, enquanto as mínimas ocorreram entre outubro e novembro, próximas de 510 a 520 cents. A perda do patamar de 600 cents no meio do ano funcionou como um divisor técnico, acelerando o movimento de queda e reforçando a pressão vendedora.
No campo dos fundamentos, a oferta global confortável teve papel central na limitação de qualquer reação mais consistente. Safras volumosas nos principais países produtores, estoques elevados e a ausência de perdas climáticas relevantes ao longo do ano impediram mudanças na dinâmica do mercado. No comércio internacional, a forte competitividade entre exportadores do Mar Negro e a sensibilidade dos compradores a preços reduziram a participação relativa dos Estados Unidos em diversos momentos, ampliando a pressão sobre os contratos futuros em Chicago.
Fatores geopolíticos chegaram a gerar episódios pontuais de volatilidade, especialmente ligados às tensões no Mar Negro, mas sem interrupções prolongadas nos fluxos comerciais. Essas reações foram rápidas e logo revertidas. O cenário macroeconômico também contribuiu para o viés defensivo, com dólar relativamente forte ao longo do ano, reduzindo a competitividade do trigo americano e desestimulando posições compradas de longo prazo no mercado financeiro.
No último trimestre, houve um repique técnico associado principalmente à cobertura de posições vendidas, sem entrada estrutural de novos compradores e sem alteração da tendência de médio e longo prazo. Para 2026, a leitura predominante aponta para um mercado operando em faixa lateral-baixista, com preços entre 500 e 580 cents por bushel, e possibilidade de alta consistente apenas diante de choques climáticos relevantes, eventos geopolíticos de maior impacto ou deterioração clara dos estoques globais.




