A RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) viveu em Mato Grosso do Sul um dos seus anos mais estruturantes. A combinação entre expansão de serviços, interiorização estratégica e a construção do Protocolo Unificado de Atendimento a Emergências Psiquiátricas consolidou um novo padrão de organização da saúde mental no estado.
“Com a ampliação da RAPS e a padronização dos fluxos de emergência, avançamos na qualificação do cuidado e na capacidade de resposta dos serviços. É um movimento que fortalece a rede como um todo”, avalia a coordenadora de Áreas Temáticas e Saúde Mental da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Arielle Jheniffer dos Reis.
Novo fôlego para a RAPS
A expansão da RAPS ganhou força com a abertura de novos serviços e com a consolidação de estruturas já existentes. Um dos exemplos de destaque foi o desempenho do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Amambai, que completou quatro meses de funcionamento com indicadores de acolhimento e acompanhamento considerados acima da média para unidades recém-implantadas. O serviço ampliou a oferta de cuidado especializado no Cone Sul e estabilizou atendimentos que antes dependiam de deslocamentos longos ou eram absorvidos pelos municípios vizinhos.
Protocolo Unificado

Paralelamente, Mato Grosso do Sul avançou de forma inédita na construção de um Protocolo Unificado de Atendimento a Emergências Psiquiátricas, iniciativa que padroniza fluxos, responsabilidades e abordagem técnica para situações de crise em todo o estado. Para a superintendente de Atenção à Saúde, Angélica Congro, isso marca um divisor de águas na condução desses atendimentos. “A falta de padronização sempre foi um desafio. Com o protocolo unificado, conseguimos estabelecer uma linha de cuidado clara, que organiza a rede e dá segurança às equipes, reduzindo encaminhamentos desnecessários e fortalecendo o atendimento no território”. A construção do documento contou com hospitais gerais, CAPS, SAMU, municípios e especialistas, consolidando um modelo integrador, com foco em segurança clínica, acolhimento imediato e fluxos mais resolutivos.
Regionalização da saúde mental
A regionalização avançou com a aprovação do Plano de Ação Regional da RAPS/2025 (PAR-2025), permitindo que municípios de pequeno porte se organizem em arranjos regionais para ofertar serviços especializados. Entre 2022 e 2025, a rede passou de 33 para 40 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e a projeção é chegar a 56 unidades até 2029, alcançando cerca de 87% dos municípios. O PAR 2025 prevê ainda 17 novos CAPS, 3 CAPS regionalizados, 4 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) e 1 Unidade de Acolhimento Adulto (UA-A), estruturando uma expansão inédita na RAPS. O plano descentraliza os serviços e garante acesso real à saúde mental para regiões que historicamente ficaram descobertas, fortalecendo territórios, reduzindo deslocamentos e distribuindo melhor a oferta de cuidado especializado em todo o estado.


Esse processo de fortalecimento da rede foi acompanhado por uma agenda intensa de articulação e qualificação profissional. Ao longo de novembro, as três macrorregiões de Mato Grosso do Sul promoveram encontros estratégicos voltados à saúde mental: no Pantanal, em Corumbá, profissionais debateram a qualificação dos serviços, com foco na atenção primária, urgência e emergência, análise da RAPS e linhas de cuidado; no Cone Sul, em Dourados, oficinas e debates abordaram educação popular em saúde, cuidado em liberdade, redução de danos, saberes tradicionais indígenas e reabilitação psicossocial; e, na Costa Leste, em Chapadão do Sul, o encontro “Cuidar em Rede” integrou diferentes pontos da rede para discutir manejo de crise, cuidado territorial, TEA, teleatendimento e práticas integrativas, consolidando o alinhamento e a coesão regional da saúde mental.
Retomado em 2025, o Comitê Estadual de Prevenção ao Suicídio de Mato Grosso do Sul passou a integrar esse movimento de reorganização da política estadual de saúde mental. Entre as primeiras entregas do colegiado está a elaboração do Fluxo Estadual de Atendimento a Casos de Tentativa de Suicídio, formalizado em Nota Técnica que orienta os serviços de saúde sobre acolhimento qualificado, manejo adequado e encaminhamento oportuno das pessoas em situação de crise, com foco na garantia de cuidado integral, humanizado e contínuo em toda a rede de atenção.

Fonte: Danúbia Burema, Comunicação SES




