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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Audiência de Paulo Corrêa propõe sensor de glicose para 300 mil diabéticos em MS

O deputado Paulo Corrêa (PSDB), 1º secretário da ALEMS, em parceira com o vereador por Campo Grande, Ronilço Guerreiro (Podemos), realizou na tarde desta quarta-feira (03), a audiência pública Tecnologia e Dignidade no Tratamento do Diabetes, no plenarinho Nelito Câmara, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).

A audiência reuniu especialistas, gestores públicos, representantes de entidades e pacientes para discutir o uso da tecnologia como política pública de saúde de Mato Grosso do Sul. No encontro, foi debatida a incorporação dos sensores de glicose, dispositivos capazes de monitorar continuamente os níveis glicêmicos sem a necessidade de múltiplas picadas nos dedos, às cerca de 300 mil pessoas com diabetes tipo 1 de Mato Grosso do Sul, que será o pioneiro da iniciativa no país.

O equipamento, aplicado sob a pele, mede a glicose no fluido intersticial e envia as informações para um leitor ou aplicativo no celular, permitindo previsões de variações, alertas de riscos e maior segurança no tratamento.

Audiência de Paulo Corrêa propõe sensor de glicose para 300 mil diabéticos em MS
Audiência foi realizada em parceria com o vereador Ronilço Guerreiro

“A gente tem que olhar a diabetes como um programa especial da saúde”, afirmou o deputado Paulo Corrêa ao final da audiência. Com reunião já agendada para fevereiro, Mato Grosso do Sul poderá iniciar o trâmite necessário para a efetivação da política pública para o fornecimento de sensores digitais de monitoramento de glicose já no próximo ano, como informou o parlamentar.

Paulo Corrêa lembrou que o debate teve início na Câmara Municipal de Campo Grande, com o vereador Ronilço Guerreiro, e ganhou força na audiência desta tarde. Segundo o parlamentar, o apoio da Secretaria de Estado de Saúde também é importante para fortalecer a construção do projeto.

Ao fim do encontro, ficou encaminhado, conforme Paulo Corrêa, que o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul (Cosems/MS), em conjunto com especialistas que participaram da audiência, levantará números precisos de pacientes e de valores necessários para a implantação do programa. O vereador Ronilço propôs implantar em Campo Grande um projeto piloto, uma vez que já tem perto de R$ 500 mil em emendas dos vereadores para os custear a iniciativa.

Audiência de Paulo Corrêa propõe sensor de glicose para 300 mil diabéticos em MS
Debate reuniu todos os atores envolvidos na criação da política pública estadual

Debate com Especialistas

A mesa de autoridades foi composta pelo deputado Paulo Corrêa; pelo vereador Ronilço Guerreiro; por Andreia Ferreira da Costa, coordenadora da Coordenadoria de Doenças Crônicas da Secretaria de Estado de Saúde (SES); pelo defensor público Mateus Augusto Sutana e Silva; por Bárbara Medeiros Dantas, gerente técnica de Doenças Crônicas da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande; e por Ricardo Ayache, presidente da Cassems.

O debate foi subsidiado por quatro palestras que contribuíram para o aprofundamento de aspectos médicos, sociais e econômicos relativos a diabetes.

A endocrinologista Bianca Rahal Paraguassú, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia – Regional MS, explicou as diferenças entre os tipos de diabetes e ressaltou a importância do diagnóstico adequado para orientar o tratamento. Ela destacou que o diabetes tipo 1, mais comum em crianças e adolescentes, pode levar rapidamente a quadros graves como cetoacidose diabética, enquanto o tipo 2, mais prevalente em adultos, costuma ser silencioso e, por isso, difícil de detectar precocemente.

Audiência de Paulo Corrêa propõe sensor de glicose para 300 mil diabéticos em MS
A Dra. Bianca Paraguassú destacou que manter a glicose próxima do normal é essencial para evitar complicações.

Bianca enfatizou que manter a glicose próxima do normal é fundamental para prevenir complicações cardiovasculares, renais e neurológicas. Por isso, defendeu a incorporação dos sensores de monitoramento contínuo como ferramenta indispensável para melhorar o controle da doença e reduzir riscos associados à hipoglicemia e hiperglicemia.

Controle seguro em crianças depende de acesso à tecnologia

crianças e adolescentes, reforçando que a meta terapêutica ideal é manter a hemoglobina glicada abaixo de 7%. Segundo ela, alcançar essa faixa reduz significativamente danos cognitivos e o risco de complicações futuras, mas exige acompanhamento rigoroso e ajustes frequentes no tratamento.

Ela destacou que os sensores de glicose são decisivos para dar segurança às famílias, especialmente durante a noite, quando episódios de hipoglicemia são mais difíceis de perceber. A tecnologia também permite identificar tendências e prevenir alterações abruptas, o que, para Ana Carolina, justifica que o acesso aos sensores seja incorporado como parte essencial da política pública para crianças e adolescentes com diabetes tipo 1.

Sensores ampliam autonomia e qualidade de vida das famílias

A nutricionista e educadora em diabetes Walkíria da Cruz Vieira Soares relatou o impacto prático dos sensores na rotina dos pacientes. Ela explicou que os dispositivos enviam leituras contínuas ao celular, reduzindo drasticamente a necessidade de picadas diárias no dedo e oferecendo previsibilidade sobre variações da glicose. No entanto, lembrou que o custo médio mensal de cerca de R$ 560 dificulta o acesso para grande parte das famílias.

Audiência de Paulo Corrêa propõe sensor de glicose para 300 mil diabéticos em MS
Walkíria da Cruz Vieira Soares relatou o impacto prático dos sensores na rotina dos pacientes

Walkíria também apresentou dados sobre o diabetes no Estado, que pode afetar direta e indiretamente quase 900 mil pessoas. Estudos, segundo ela, mostram melhora significativa nos índices glicêmicos após três meses de uso dos sensores e redução do risco de internações. Para a especialista, a tecnologia representa não apenas mais segurança clínica, mas também alívio emocional para pais e cuidadores.

Cenário estadual e estimativa de custos para o programa

O tesoureiro e secretário da Associação de Diabetes Mellitus Tipo 1 de Campo Grande, Lenine de Oliveira Rocha Júnior, pai da pequena Eduarda, apresentou um panorama da prevalência do diabetes tipo 1 no Estado, estimada em 5.849 pessoas, incluindo 1.170 crianças e adolescentes. Ele detalhou o custo de um programa estadual voltado ao público infantojuvenil, calculado em cerca de R$ 750 mil por mês apenas com sensores.

Audiência de Paulo Corrêa propõe sensor de glicose para 300 mil diabéticos em MS
Lenine de Oliveira Rocha apresentou um panorama da prevalência do diabetes tipo 1 no Estado

Lenine destacou que, no primeiro mês, o Estado teria ainda o custo adicional dos leitores, totalizando aproximadamente R$ 9,38 milhões por ano para atender todos os pacientes jovens. Além dos valores, ele alertou para a necessidade de capacitação de profissionais e suporte técnico contínuo. Para ele, investir em sensores significa garantir dignidade, autonomia e mais segurança às famílias.

Fonte: Ulysses Cosenza/ConecteMS

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