O uso de microrganismos para transformar o Nitrogênio do ar em alimento para as plantas tornou-se peça central no avanço da agricultura tropical, segundo Alan Bueno, especialista em desenvolvimento de mercado. Embora o nutriente seja abundante na atmosfera, sua forma gasosa não é assimilada diretamente, o que exige conversão em compostos disponíveis às raízes. Algumas culturas desenvolveram, ao longo do tempo, relações específicas com bactérias capazes de realizar essa tarefa com alta eficiência.
Consultorias e centros de pesquisa destacam que, no caso das leguminosas, cepas selecionadas de bradyrhizobium passaram a ser multiplicadas e aplicadas anualmente, juntamente com práticas de manejo e nutrição que incluem o uso de cobalto. A relação é tão precisa que elimina a necessidade de fertilizante nitrogenado na soja, cuja demanda natural alcançaria cerca de 400 quilos de nitrogênio por hectare, equivalente a uma tonelada de ureia.
Em área plantada, isso representaria algo próximo de 48 milhões de toneladas de ureia e valores estimados em R$ 120 bilhões por ano, além de evitar a emissão de 230 milhões de toneladas de CO2 equivalente. A adoção de inoculantes supera 90% da área cultivada, enquanto o uso de azospirillum já ultrapassa 30%.
Pesquisas da Embrapa têm sido decisivas para essa evolução, com destaque para estudos iniciados na década de 1980 e que abriram caminho para tecnologias aplicadas hoje em soja, feijão, milho, trigo e braquiárias. Trabalhos recentes também resultaram em patentes voltadas à identificação de bactérias do gênero Bradyrhizobium, ampliando o entendimento dos mecanismos de fixação biológica e permitindo intervenções que tornaram possível um ganho antes improvável.





