O Brasil precisa deixar de enxergar o seguro rural como gasto secundário e tratá-lo como ferramenta estratégica de gestão de risco. Como lembra Daniel Miquelutti, Head de Novos Mercados e cofundador da Picsel, países que modernizaram seus sistemas de proteção agrícola transformaram seguro em política pública essencial. Nesse contexto, os Estados Unidos seguram 89% da área plantada de suas principais culturas, enquanto, no Brasil, apenas 6,26 milhões de hectares foram cobertos em 2023, menos de 3% da área agrícola nacional segundo MAPA, CNseg e Susep.
Essa defasagem deixa produtores expostos a perdas cada vez mais frequentes, amplia o custo dos desastres para o Estado e reduz a resiliência do setor. O problema não se resolve apenas com mais subsídios, mas com modernização: dados, modelos indexados, telemetria, satélites e análises preditivas tornam o seguro mais preciso, rápido e acessível. Experiências de países como China e Espanha, citadas pela OCDE, mostram que tecnologia combinada a incentivos públicos aumenta a adesão e reduz custos.
“O país precisa abandonar o modelo que trata risco como contingência e modernizar o sistema para transformar o seguro em ferramenta de gestão, sustentabilidade e produtividade. Se quisermos garantir segurança alimentar, renda rural estável e a posição do Brasil no mapa global do agronegócio, é hora de investir em dados, tecnologia e regulação que façam do seguro rural um pilar da estratégia nacional e não um gasto eventual. Somente com uma política de gestão de riscos moderna e baseada em informação o Brasil poderá proteger sua produção e assegurar o futuro do campo”, conclui.




