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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

MS: Cigarreiros tinham frota de carros e faturaram R$ 600 milhões em 6 anos

Grupo era bem estruturado e mantinha o contrabando em galpões em Dourados até levá-lo para o interior de São Paulo

Operação da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal ontem mirou um grupo de contrabandistas de cigarros que tinha uma estrutura muito bem montada na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. O grupo contava até com uma frota de veículos, que era utilizada para levar os produtos do país vizinho para Dourados. A investigação aponta que a quadrilha atuava há 6 anos, pelo menos, o que indica que receberam cerca de R$ 600 milhões neste período.

De acordo com as investigações da PF, o grupo costumava utilizar carros de porte médio para transportar as cargas de cigarro. Eles saíam sempre em comboio de mais de 10 veículos de Pedro Juan Caballero com destino a Dourados.

“O modus operandi consiste em utilização de veículos transportando quantidades aproximadas de 30 caixas por vez, saindo em grupos de mais de 10 veículos da fronteira com o Paraguai com destino ao interior do nosso país, acabam fazendo uma primeira viagem curta e descarregam em entrepostos nos pequenos distritos no entorno de Dourados. Após, outros veículos realizam o transbordo e seguem com destino principal a cidades do interior paulista”, disse a PF ao Correio do Estado. 

O cigarro tinha como destino principalmente a região de Presidente Prudente (SP), informou a PF.

A investigação começou após uma apreensão feita pela Polícia Militar, em outubro deste ano, durante um bloqueio policial, na região de fronteira. Na abordagem, segundo a Polícia Federal informou, um comboio formados por 12 veículos tentou furar o bloqueio. Desses 12 carros, 3 foram apreendidos e o restante conseguiu fugir.

Nos veículos, do modelo Fiorino, a polícia encontrou mais de 2 mil pacotes de cigarros em cada um deles, ou seja, se os 12 veículos fossem apreendidos, seriam 24 mil pacotes.

“O destino inicial da carga era um distrito de Douradina, onde imóveis vinham sendo utilizados como pontos de carga e descarga de mercadorias ilegais. Após essa etapa, os produtos eram reembarcados com destino ao estado de São Paulo”, afirmou a Receita Federal, em nota.

A PF estima que o grupo seja formado por, pelo menos, 20 integrantes, que cuidavam da logística de transporte da carga do Paraguai até o interior de São Paulo.

O grupo atua, pelo menos, desde 2019. “A primeira prisão do principal investigado cometendo crimes desta natureza nesta região data de agosto de 2019, portanto, já há mais de 5 anos estão agindo nesta região”, explicou a PF.

A quadrilha tinha rendimento milionário por mês. Segundo a Receita Federal, “a organização criminosa movimentava mensalmente mais de R$ 8 milhões em cigarros contrabandeados, totalizando cerca de R$ 100 milhões nos últimos 12 meses”. Ou seja, contabilizando que o grupo atua há seis anos no ramo, seriam cerca de R$ 600 milhões neste período.

ESTRUTURA COMPLEXA

Conforme apurado pela investigação da Polícia Federal, a quadrilha tinha uma “estrutura bem montada”, com rede de informantes que a atualizava sobre a situação das forças de segurança na região.

“Conta com grupos no WhatsApp que monitoram em tempo real a movimentação das forças de segurança ao longo de toda a malha rodoviária do Estado, seja federal, seja estadual, além de grande capacidade financeira, pois perdem cargas todos os dias e, ainda assim, mantêm o fluxo ininterrupto de contrabando na fronteira”, afirmou a PF ao Correio do Estado.

Especializado em contrabando de cigarros, a investigação não identificou, por hora, o contrabando de outros produtos pela fronteira.

OPERAÇÃO

Chamada de Operação Porto Seco, por causa do modo de operação do grupo, como pontos de carga e descarga do cigarro, a ação cumpriu ontem dois mandados de busca e apreensão, nas cidades de Dourados e Douradina, expedidos pela 2ª Vara Federal de Dourados.

“As buscas hoje foram direcionadas a buscar elementos de provas que possibilitem a identificação dos demais integrantes. Foram apreendidos celulares com grande quantidade de informação, que possibilitará a expansão da investigação”, explicou a PF.

*Saiba

O crime de contrabando está previsto no artigo 334-A do Código Penal Brasileiro, com pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de, conforme a Receita Federal, sanções administrativas que podem ser aplicadas segundo a legislação aduaneira.

Fonte: Daiany Albuquerque/Correio do Estado

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