Clesio Damasceno
O Banco central divulgou essa semana que o volume do crédito ampliado alcançou 19,7 tri. Mas o que isso significa?
Analisando opiniões de economistas e fazendo uma pesquisa aprofundada sobre o tema faço a seguinte análise: O Crédito Ampliado é o acumulado de dívida que tem no momento, ou seja, o estoque total da dívida financeira existente no país, incluindo os Governos Federal, Estadual, municipal, as empresas e as pessoas físicas.
Quando se diz que o Governo está endividado, que as empresas, o agro-negócio, que as famíias, enfim, que o cidadão está devendo muito e não consegue pagar, o montante da dívida entra nessa conta, chamada de “Crédito Ampliado”.
No início de 2022 esse montante era de 13,6 trilhões. De lá pra cá houve um aumento de 6,1 tri, o que dá em torno de 45% de aumento.
Dívida do Governo, empresas e famílias
A fatia de endividamento do governo corresponde a 46,7% do montante de R$ 19,7 tri. Segundo relatório do Banco Central a DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral – que inclui dívida Federal, dos Estados e municípios, além do INSS) era de 9,2 tri em julho desse ano. Pelo FMI essa dívida é na verdade 10,2 tri, porque ela inclui a dívida do Banco Central também, mas isso é outra história).
A fatia das empresas, incluindo o agro-negócio é em torno de R$ 6,5 tri (32%). Daí o motivo de tantos pedidos de falência e recuperação judicial (salvo alguns casos de má fé) e a alta inadimplência também desse setor.
A fatia das famílias é em torno de R$ 4,5 trilhões (22%). Aí inclui créditos imobiliários e pessoal: consignado, crédito pessoal, cartão de crédito parcelado, financiamento de veículos e outras modalidades de créditos. Vale ressaltar que em torno de 20% dessa dívida é imobiliária, o restante é pessoal.
ECONOMIA É MOVIDA COM DÍVIDAS
Dever não é de todo um problema, desde que as receitas estejam crescendo mais que as dívidas. Em 2010, a relação do crédito ampliado ao PIB (Produto Interno Bruto) do país, era de 90 a 110% do PIB. Agora conforme relatório divulgado pelo Banco Central a relação é de 159%. Ou seja, o país produz bem menos do que se endivida. Até onde consegue ir assim? Essa é a preocupação de economistas que não olham questões políticas e nem discute ideologias, mas olham a realidade dos números.
A LEI DA OFERTA E PROCURA
Se tem algo que todo mundo, ou quase todo mundo, entende, é a Lei da Oferta e Procura. Quando um produto está em falta, o preço dele, ou seja, o custo para se obter esse produto aumenta. No caso do crédito, quanto mais a pessoa é endividada mais caro se torna para ela obter mais empréstimos.
Daí a explicação simples do fato dos juros básicos (a Selic) estar em 15% ao ano, o cheque especial estar acima de 8% e o cartão de crédito estar em 451% ao ano. Vale ressaltar quem entra no rotativo do cartão de crédito, ou atrasa a fatura, está cavando a própria cova financeira.
Pois bem, o País endividado não consegue pegar empréstimo a juros baratos, as empresas endividadas e as famílias endividadas a mesma coisa acontece. Os bancos não vão emprestar dinheiro correndo risco de não receber. Aí as garantias aumentam e as taxas também aumentam, porque o risco de não receber é grande.
E como frear esse ciclo que aumentou 45% em três anos? O total da dívida era de 13,6 tri em 2022 e agora é de 19,7 tri. Se continuarem gastando mais do que ganha nunca vai parar isso.
Fonte: Grupo A Gazeta