O Brasil está importando a maior quantidade de fertilizantes de sua história, segundo Jeferson Souza, analista de inteligência de mercado. Embora os volumes totais aumentem, grande parte são produtos menos concentrados, como sulfato de amônio, SSP, TSP e NP, enquanto Ureia e map registram queda ano a ano, mostrando que quantidade de produto e quantidade de nutriente são métricas distintas.
A logística nacional, porém, tem gerado preocupação. Nos últimos meses, portos como Paranaguá registraram filas de navios carregados com fertilizantes, com tempo médio de espera chegando a 35 dias e casos extremos de até 50 dias. Esse atraso provoca custos adicionais para importadores, conhecidos como “demurrage”, elevando o preço final do produto no país.
O aumento dos fretes rodoviários nas últimas semanas também impacta a internalização dos fertilizantes. Para especialistas, ter oferta disponível é positivo, mas infraestrutura e logística determinam se o mercado consegue absorver esses volumes sem onerar importadores e consumidores.
No mercado futuro, as cotações para 2026/27 seguem altas em Mato Grosso, mas a recente queda nos preços da soja pode limitar parte da demanda interna. Assim, a análise dos preços CFR precisa considerar o comportamento logístico e seus reflexos nos custos domésticos, especialmente em programas de compras tardias.
“Claro que esse tempo varia de acordo com o berço e também com o navio, mas a média de espera está acima de 30 dias. Há casos mais críticos, como um navio de sulfato de amônio que já está há 50 dias aguardando no porto. Tudo isso implica em custos que oneram o importador, a chamada ‘demurrage’”, conclui.