No Brasil, os custos logísticos alcançaram R$ 940 bilhões em 2024, segundo o Instituto Ilos, o equivalente a quase 15% do PIB. Desse total, o transporte rodoviário responde pela maior fatia, já que 62% das cargas circulam por estradas. O problema é que, quando mal administrado, o frete deixa de ser apenas um gasto elevado e passa a representar risco direto à saúde financeira das empresas.
Especialistas em logística apontam que erros como reentregas, rotas redundantes, caminhões rodando vazios ou contratos mal negociados podem corroer de 8% a 12% da receita líquida de uma organização. Em setores de margens estreitas, como alimentos e varejo, isso pode ser a diferença entre lucro e prejuízo. A Conab ilustra a vulnerabilidade do setor: em 2024, os preços de frete agrícola dispararam até 39% no Piauí e 20% no Paraná durante a safra de grãos.
Para Célio Martins, gerente de novos negócios da Transvias, cada quilômetro rodado sem planejamento representa prejuízo direto. Além disso, multas por atrasos, avarias, desperdício de combustível e falhas fiscais ampliam o impacto. Segundo ele, muitas empresas ainda tratam o frete como custo fixo, quando tecnologias de roteirização e plataformas de simulação podem reduzir desperdícios e melhorar a previsibilidade financeira.
Estudos do Instituto de Transporte e Logística (ITL) mostram que a adoção de roteirização inteligente pode cortar em até 20% os custos por tonelada transportada. Nesse cenário de inflação e câmbio volátil, a mensagem é clara: integrar a logística à gestão financeira é decisivo para preservar margens, manter competitividade e proteger a sustentabilidade do negócio. “Empresas que encaram o frete como parte estratégica da gestão conseguem preservar margens, manter competitividade e até proteger empregos em tempos de crise”, conclui Martins.