28 C
Amambai
quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Como é a maior águia do planeta que teve ninho descoberto no Pantanal

Localizado após mais de dez anos de buscas, o ninho de harpia encontrado no Pantanal revela aspectos essenciais sobre o comportamento e a conservação da espécie.

Após mais de uma década de buscas, pesquisadores localizaram, em julho deste ano, um ninho de harpia (Harpia harpyja), também conhecida como gavião-real, em Corumbá (MS), no Pantanal. A descoberta foi feita no Maciço do Urucum, uma região de vegetação densa e de difícil acesso. 

A confirmação do ninho é considerada relevante para aprofundar o conhecimento sobre o comportamento da espécie e fortalecer estratégias de conservação. A dificuldade em localizar o ninho reflete uma das principais características da espécie: o comportamento reservado.

Segundo o biólogo Gabriel Oliveira, que atua no monitoramento da espécie, a harpia é uma ave de hábitos reclusos. Além disso, a pequena quantidade de aves da espécie que ainda existem no Brasil torna os registros ainda mais difíceis.

“Onde ainda existe, ela costuma evitar áreas abertas e prefere viver oculta sob a copa das árvores, o que torna sua observação algo raro e especial”, explica.

A espécie carrega uma série de características:

  • 🚫Classificação como “quase ameaçada” de extinção;
  • 🌿Baixa taxa reprodutiva;
  • 🦅Técnicas eficientes de caça;
  • 🌱Preferência por locais altos e isolados para construção dos ninhos;
  • 🕊️Hábitos discretos.

🚫 Classificação como “quase ameaçada” de extinção

A harpia é classificada como “quase ameaçada” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Segundo especialistas, o número de registros da espécie tem diminuído em várias regiões do país.

🌿 Baixa taxa reprodutiva

A baixa taxa reprodutiva também contribui para a vulnerabilidade da espécie. De acordo com o biólogo Gabriel Oliveira, a harpia costuma colocar dois ovos por vez, mas apenas um filhote sobrevive.

O período de incubação é de aproximadamente 56 dias, e o filhote permanece dependente dos pais por até dois anos. Por essa razão, a espécie só se reproduz a cada três anos.

🌱 Preferência por locais altos e isolados para construção dos ninhos

A harpia prefere locais altos e isolados para construir seus ninhos, utilizando árvores de grande porte, geralmente com mais de 40 metros de altura.

No caso do ninho encontrado em Corumbá, a estrutura foi construída em uma árvore mais baixa que o habitual, mas em uma área de difícil acesso. As aves constroem plataformas grandes com galhos, revestidas com vegetação macia, para acomodar os filhotes.

🕊️ Técnicas eficientes de caça

A harpia adota uma tática de espera para caçar. Segundo o biólogo, a ave permanece imóvel em pontos estratégicos por longos períodos, aguardando o momento ideal para atacar. Sua habilidade de voar com agilidade entre os galhos facilita a perseguição das presas.

A presença da harpia em determinada área indica a existência de um ecossistema preservado. A espécie depende de florestas contínuas e extensas, com territórios que variam de 20 a 35 km² por casal.

Por essa razão, é considerada uma espécie-bandeira para a conservação das matas tropicais. Como predadora, ajuda a controlar a população de mamíferos que vivem nas árvores e mantém o equilíbrio do ambiente.

🦅Hábitos discretos

A harpia habita florestas de baixada e regiões montanhosas de até 2.000 metros de altitude. Embora possa ser encontrada em fragmentos florestais menores, necessita de boa disponibilidade de presas.

A espécie apresenta hábitos discretos, pousando entre a folhagem e raramente voando acima do dossel ou em áreas abertas.

Sua distribuição original se estendia do sul do México até a Bolívia, nordeste da Argentina e grande parte do território brasileiro. No Brasil, ocorre principalmente na Amazônia e em áreas protegidas da Mata Atlântica, com registros também no Cerrado e no Pantanal.

Fonte: Nadine Lopes, g1 MS

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 04 de setembro de 2025

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

Enquete