Dentre as plantas daninhas de difícil controle na cultura do milho, o azevém (Lolium multiflorum) ocupa posição de destaque por apresentar resistência a diferentes herbicidas. De acordo com Marcieli Piccin, Representante de Desenvolvimento de Mercado na Bayer, e Daniel Fernando Kolling, engenheiro agrônomo, essa planta já foi identificada pelo Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas como resistente aos mecanismos de ação EPSPs (glifosato), inibidores de ACCase (cletodim) e de ALS (nicosulfuron). Além da resistência múltipla, o azevém produz grande quantidade de sementes com dormência curta, o que facilita a reinfestação das áreas de cultivo.
O manejo deve ser planejado de forma sistêmica, considerando os ciclos das culturas antecessoras ao milho. A palhada no solo, por exemplo, funciona como barreira física e, em algumas espécies, exerce efeito alelopático que pode reduzir a germinação do azevém. Outra estratégia fundamental é a rotação de culturas, que amplia o espectro de mecanismos de ação empregados no controle químico e ajuda a retardar novas resistências.
Entre os principais momentos de intervenção, a dessecação na entressafra é decisiva. Ingredientes ativos como cletodim, haloxyfop, glifosato e glufosinato de amônio são bastante utilizados, com maior eficiência em plantas jovens de até dois perfilhos. Após a semeadura, herbicidas pré-emergentes como piroxasulfona, S-metolachlor e flumioxazina garantem efeito residual médio de 30 dias, protegendo a lavoura na fase crítica de estabelecimento.
No pós-emergência, as ferramentas são mais limitadas, especialmente em áreas resistentes. Nesse estágio, produtos como glifosato, atrazina e nicosulfuron são opções, enquanto o glufosinato de amônio pode ser aplicado em híbridos LibertyLink. É importante evitar misturas com inseticidas organofosforados. Dessa forma, o controle do azevém depende de planejamento integrado e de ações distribuídas ao longo de todo o ciclo.