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sexta-feira, 18 de julho de 2025

A história de Dona Blondina Kerkhoff Conrad e a força das famílias que edificam Ponta Porã

Por Raquel Fernandes

Por trás de cada empresa que prospera, de cada escola que ensina, de cada comunidade que resiste, existe uma semente plantada com cuidado, muitas vezes no silêncio do campo ou na fé de uma mulher que se doa. Aos 91 anos, Dona Blondina Kerkhoff Conrad é uma dessas raízes invisíveis, que sustentam — com firmeza e ternura — o desenvolvimento de Ponta Porã.

Nascida em 1934 na cidade de Ibirubá, no interior do Rio Grande do Sul, Dona Blondina chegou a Mato Grosso do Sul há mais de meio século. Escolheu fincar seus passos na região do São Luiz, então pertencente ao território de Ponta Porã. Ali, viveu com o marido Roberto Conrad e criou os filhos. Mas fez muito mais: ajudou a erguer, junto com a comunidade e com o apoio da prefeitura, a primeira escola da região — que começou, literalmente, dentro de sua casa. Um gesto simples que se tornaria o embrião da educação formal para inúmeras famílias da região.

Na mesma época, Dona Blondina esteve à frente da fundação da Comunidade Católica Nossa Senhora de Lourdes, marco de união, espiritualidade e apoio às famílias rurais. Quando ficou viúva, em 1990, mudou-se para o centro urbano de Ponta Porã, mas nunca abandonou sua missão. Seguiu atuante na Paróquia São José, como ministra da Eucaristia e cuidadora de enfermos — sempre com os olhos voltados aos que mais precisavam.

Mas talvez o seu maior legado esteja em sua própria família. Mãe de oito filhos — seis homens e duas mulheres — viu em sua prole a multiplicação do esforço e dos valores que cultivou. Dois deles, João e Luiz Conrad, são empresários conhecidos em Ponta Porã: proprietários da Tornearia Fortes e da Tornearia São Luiz, respectivamente. Juntos, geram mais de 70 empregos diretos. Os demais filhos atuam como produtores rurais e uma filha é professora, todos ainda contribuindo para o crescimento da cidade.

“Ela sempre nos ensinou a viver com dignidade e a servir. O que fazemos hoje é reflexo do que aprendemos com ela”, afirma João, ao relembrar a infância na zona rural, o trabalho duro no campo e os ensinamentos passados à mesa da cozinha.

Atualmente, Blondina soma 23 netos e 26 bisnetos. Mais que números, são gerações inteiras formadas por cidadãos que seguem trabalhando, empreendendo e educando — em Ponta Porã. A cidade pulsa, evolui e celebra conquistas, mas jamais se desconecta de suas raízes.

É por isso que, ao comemorar seus 113 anos de história, Ponta Porã reconhece em figuras como Dona Blondina Conrad a base de seu progresso. Mulheres que não estão nas manchetes todos os dias, mas que, com mãos firmes e coração generoso, edificaram muito mais do que famílias — construíram comunidades, abriram caminhos e deram forma ao que hoje chamamos de lar.

É no gesto cotidiano das mulheres que criam, educam e impulsionam suas famílias que o desenvolvimento encontra suas raízes mais profundas. Onde o trabalho floresce, a fé se transforma em cuidado, e o amor de uma mãe molda gerações, nasce também a cidade que cresce de dentro pra fora — como Ponta Porã, construída por histórias como a de Dona Blondina.

Fonte: Grupo A Gazeta

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