Já aconteceu de um perfume parecer incrível em uma pessoa, mas ter um cheiro diferente em outra? Esse fenômeno é mais comum do que se imagina, e está ligado a uma combinação entre a química da fragrância e do próprio corpo.
Como um perfume é feito?
A produção de um perfume envolve muito mais do que a simples escolha de aromas. A fórmula final passa por diferentes etapas, que incluem a combinação de compostos naturais e sintéticos, solventes como álcool e água, além de fixadores, que ajudam a manter o cheiro na pele por mais tempo.
De acordo com a revista Superinteressante, esse processo abrange a extração de óleos essenciais, a combinação precisa das notas olfativas (de saída, coração e fundo), a maceração e, por fim, o envase.
As notas de um perfume são estruturadas nas seguintes etapas: inicialmente, percebem-se as notas de saída, que são mais leves e voláteis; em seguida, surgem as notas de coração, que são mais encorpadas; e, por último, aparecem as notas de fundo, que são mais duradouras. Essa organização define como a fragrância se desenvolve ao longo do tempo.
Fragrância ou perfume
Perfume e fragrância não são sinônimos absolutos. O perfume, tecnicamente, é a versão mais concentrada de uma fragrância, com alto teor de óleos essenciais, geralmente acima de 20%. A fragrância, por sua vez, é um termo mais abrangente, que inclui colônias, águas de banho e outras versões menos concentradas.
Segundo a Bomar Fragrâncias, os termos “aroma” e “essência” também têm usos específicos: o aroma refere-se ao cheiro percebido no ar ou em um produto; a essência é o ingrediente utilizado para gerar esse cheiro.
A química do corpo e o resultado dos aromas
O que determina as variações no cheiro de um mesmo perfume em diferentes pessoas é, em grande parte, a química individual da pele. Fatores como alimentação, níveis hormonais, uso de medicamentos, tabagismo e até hidratação corporal influenciam na forma como a fragrância se comporta em contato com a pele.
“Cada indivíduo possui um odor único que se origina de acordo com as condições em que a pele se encontra”, explica o farmacêutico Maurizio Pupo, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Ada Tina Italy, em entrevista à revista Marie Claire. Segundo ele, inclusive em uma mesma pessoa, a fragrância pode apresentar variações de um dia para o outro.
Outro fator relevante é o pH da pele, que varia entre indivíduos. Pessoas com pele mais ácida ou oleosa tendem a perceber maior fixação do perfume, além de alterações no seu perfil olfativo. Já as peles secas, em geral, dificultam a fixação e a difusão da fragrância.
Perfumes icônicos e a multiplicidade de interpretações
Alguns perfumes clássicos ilustram bem como uma mesma fragrância pode revelar diferentes nuances. O famoso J’adore, da Dior, é um exemplo. Com notas florais e frutadas, é considerado sofisticado e sensual.
No entanto, em uma pele, ele pode apresentar um caráter mais doce e luminoso; em outras, as notas amadeiradas e de almíscar podem ganhar destaque. Assim, mesmo sendo o mesmo perfume, sua expressão sensorial muda de acordo com a pele de quem o utiliza.
Dessa forma, as singularidades dos perfumes em cada pele mostram como o olfato é uma experiência íntima e subjetiva. A escolha de uma fragrância vai além de encontrar um aroma agradável – também engloba entender como ele se transforma em contato com cada identidade corporal.
Fonte: Assessoria