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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Associação Brasileira do Agronegócio vê risco ao agro com tarifa de Trump

Para a entidade, a medida impactará negativamente toda a cadeia produtiva

A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) se manifestou com preocupação diante da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025. Para a entidade, a medida impactará negativamente toda a cadeia produtiva exportadora do agro nacional, com efeitos diretos sobre carnes, açúcar, café, suco de laranja, papel e celulose.

O anúncio foi feito por Trump na quarta-feira (9), por meio de uma carta publicada na rede social Truth Social e enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No texto, o republicano criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), classificando decisões da Corte como “ataques insidiosos à liberdade de expressão”, além de chamar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “caça às bruxas” e “vergonha internacional”.

Na visão da ABAG, a decisão carece de fundamentos econômicos. A associação relembra que os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil nos últimos anos e considera o país um parceiro estabelecido e confiável. Para a entidade, a medida tem viés político e precisa ser tratada com diplomacia antes de entrar em vigor. “Essa ação prejudica não só o exportador brasileiro, mas também o consumidor americano”, afirmou a associação.

O governo brasileiro reagiu com firmeza, mas sem acirrar o tom. Em publicação no X (antigo Twitter), Lula afirmou que “o Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém”. O presidente ainda contestou a narrativa americana sobre desequilíbrios no comércio bilateral. “Dados do próprio governo dos EUA apontam um superávit de US$ 410 bilhões em favor dos americanos nos últimos 15 anos”, ressaltou.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também criticou a taxação, considerando-a injusta e prejudicial à economia dos próprios Estados Unidos. “Há uma integração comercial. O Brasil é o terceiro maior comprador de carvão siderúrgico americano. Ao taxar, encarecem a própria cadeia”, afirmou Alckmin, que defendeu a manutenção do diálogo: “Temos 200 anos de amizade com os EUA”.

Além da nova alíquota, Trump anunciou uma investigação com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, que pode abrir espaço para outras medidas punitivas. O republicano também sugeriu que empresas brasileiras transfiram sua produção para território americano como alternativa à tarifa.

Com a data-limite se aproximando, a expectativa da ABAG e do governo brasileiro é por um avanço diplomático que reverta ou minimize os efeitos da medida. Por ora, o setor agroexportador se prepara para possíveis perdas em um de seus maiores mercados consumidores.

Fonte: Agrolink e Assessoria

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