O dia amanheceu com termômetro marcando 1,6°C em Laguna Carapã, nesta quarta-feira (25), e a geada caiu forte no município. O cenário coloca produtores rurais em alerta, já que a geada tem potencial para danificar e até comprometer lavouras inteiras.
O produtor João Firmino, que integra a diretoria do Sindicato Rural de Laguna Carapã, conta que no município foram dois dias seguidos de geada, mas a desta manhã foi muito mais forte. “Hoje foi bem mais forte que a de ontem”, disse.
A grande preocupação da agricultura no momento é com a safra do milho safrinha, que começa a entrar em fase de colheita. Porém, o produtor explica que, como a maioria do milho já está em estágio avançado, o estrago é menor.
João Firmino estima que 20% da lavoura de milho seja afetada, o que é pouco comparado aos estragos da geada em outras plantações. “Tem um amigo com feijão plantado que perdeu tudo, é uma cultura muito sensível”, explica.
Geadas impactam safra de várias formas
Seja em desenvolvimento, seja na colhida, a produção de milho pode ser afetada de várias maneiras pelas geadas. A Famasul destaca que lavouras em estágios mais sensíveis de desenvolvimento podem sofrer impactos maiores, mesmo diante de geadas fracas a moderadas.
Nas áreas em ponto de colheita e aguardando apenas a redução da umidade dos grãos, os efeitos da geada tendem a ser pontuais, impactando mais a qualidade do que a produtividade, segundo informações do Departamento Técnico do Sistema Famasul.
De acordo com o projeto Siga MS, no Sul e região centro do estado, predomina o milho em estágios entre R3 e R6. No sudoeste, as lavouras estão mais heterogêneas, variando de VT a R6. Já na região do sul-fronteira, há áreas em V6 até R6.
De acordo com levantamento do projeto Siga MS, 48% da safra de milho se encontra nos estádios mais suscetíveis, sendo que metade disso está em estádio fenológico de grão pastoso (R4), em que o efeito adverso de geadas pode chegar nos níveis de 25% a 40% de redução da produção, e a outra metade está em grão leitoso (R3), podendo causar o abortamento do grão, a depender da intensidade do evento.
Milho safrinha
A safra de milho 2024/2025 está em andamento em Mato Grosso do Sul e, em algumas regiões, está se iniciando o período de colheita. A estimativa para o milho da 2ª safra indica que a área cultivada deve atingir 2,103 milhões de hectares, com produtividade média de 80,8 sacas por hectare.
De acordo com a Aprosoja/MS (Associação de Produtores de Soja de MS), a produção está estimada em 10,199 milhões de toneladas, representando aumento de 20,6% em comparação com o ciclo anterior.
A safrinha ocupa 47% da área destinada à soja no Estado, redução significativa em comparação aos 75% que já ocupou anteriormente. A cultura tem perdido força devido ao alto custo de produção e às condições climáticas adversas que estão afetando seu desenvolvimento. Esses fatores aumentam o risco associado à atividade. Portanto, os produtores estão optando por diversificar a segunda safra.
Fonte: Priscilla Peres/Midiamax