Operação da Polícia Federal (PF) em Mato Grosso do Sul mirou uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas e ao contrabando de cigarros ilegais que usava a estrutura de um assentamento rural no interior do Estado para armazenar a droga, isso antes de encaminhá-la para cidades paranaenses
De acordo com informações da PF ao Correio do Estado, o grupo atuava em cidades de Mato Grosso do Sul que fazem fronteira com o estado da Região Sul por meio do Rio Paraná.
A quadrilha adquiria cocaína na fronteira com o Paraguai e entrava com ela em Mato Grosso do Sul, onde, segundo a PF, utilizava assentamento rural em Itaquiraí, no sul do Estado, como entreposto da droga
O entorpecente permanecia nessas localidades até que o grupo o levasse para o Paraná, por meio de embarcações que cruzavam o Rio Paraná.
“As drogas saíam do Paraguai e eram levadas até Itaquiraí, onde eram armazenadas em assentamentos rurais até serem levadas até o Paraná, atravessando o Rio Paraná em embarcações. Do Paraná, as drogas eram distribuídas para outras regiões brasileiras”, contou a PF ao Correio do Estado.
Os mandados ocorreram em municípios de Mato Grosso do Sul e do Paraná. Em MS, os alvos estavam em Itaquiraí, Iguatemi e Coronel Sapucaia. Já no estado da Região Sul os mandados foram cumpridos em Douradina, Icaraíma e Palotina. Todos as buscas foram autorizadas pela Justiça Federal da 3ª Região.
Conforme nota da PF, além das buscas, a Justiça também determinou o bloqueio de bens da organização “em valores que podem ultrapassar os R$ 30 milhões. Entre os ativos estão fazendas de alto valor localizadas em Iguatemi e Coronel Sapucaia e adquiridas com recursos supostamente oriundos das atividades criminosas”.
Entre os itens apreendidos com a quadrilha estavam documentos, aparelhos eletrônicos, veículos (entre eles uma Fiat Toro e uma Toyota Hilux), embarcações (como um jet-ski), armas de fogo, gado e outros bens.
Ainda durante o cumprimento dos mandados, dois alvos foram presos por posse ilegal de arma de fogo.
De acordo com a PF, as investigações apontam que o grupo atua no tráfico de drogas e no contrabando de cigarros pelo menos desde 2017.
APREENSÕES
Essa operação é um reflexo da quantidade de organizações criminosas instaladas em Mato Grosso do Sul, principalmente na região da fronteira com o Paraguai, voltadas para o tráfico de drogas.
Apesar de a atuação da PF ser mais voltada na desarticulação financeira desses grupos, não é incomum apreensões de drogas no Estado. Tanto é isso que, de janeiro até esta quarta-feira, foram apreendidos em Mato Grosso do Sul 7,99 toneladas de cocaína pelas forças de segurança, conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Esse número já é maior que o registrado no ano passado, quando, até o fim de junho, foram apreendidas 7,98 toneladas de cocaína. Ainda, muito semelhante ao de 2023, quando foram recolhidas 10,3 toneladas no primeiro semestre.
Esse último ano, inclusive, foi o que mais se apreendeu cocaína em Mato Grosso do Sul: em 2023, foram 18 toneladas recolhidas em seus 12 meses – um recorde histórico. Já em 2024 foram 17,6 toneladas apreendidas. Se este ano seguir com essa tendência, pode se aproximar ou até mesmo passar os dados dos anos anteriores.
Segundo a própria Sejusp, a localização de Mato Grosso do Sul contribui para que o Estado seja um importante corredor para entrada de produtos ilícitos no Brasil. Isso porque MS conta com 1.517 km de fronteira, dos quais 1.131 km são com o Paraguai e 386 km com a Bolívia.
Do total de trechos fronteiriços, 549 km são de fronteira seca. “[Isso] o torna vulnerável, fazendo com que [o Estado] seja a principal porta de entrada de drogas e armas no País”, diz trecho de uma nota da Sejusp sobre uma parceria justamente com o Paraguai para o combate ao crime organizado transfronteiriço.