Como parte da programação da Semana do Meio Ambiente, o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) inaugurou nesta quarta-feira (11) a Sala de Situação da UNIGEO (Unidade de Geoprocessamento), uma estrutura técnica de inteligência geoespacial que marca um novo patamar no monitoramento ambiental do Estado. A apresentação e entrega oficial do local e contou com a presença do secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
A nova estrutura representa um salto tecnológico inédito no país, com capacidade de detecção automatizada de desmatamentos e queimadas em toda a extensão do território sul-mato-grossense, que abrange mais de 357 mil km². A Sala de Situação foi projetada como uma ferramenta estratégica de apoio à fiscalização, gestão territorial e à governança ambiental, promovendo maior agilidade e precisão nas ações de comando e controle.
Tecnologia a serviço do meio ambiente
Com base em scripts automatizados e imagens de satélite de alta resolução fornecidas por plataformas internacionais, o sistema da UNIGEO já se encontra operacional desde 2023. Apenas neste período, foram emitidos 10.665 alertas automáticos de desmatamento. Cada alerta é imediatamente cruzado com os bancos de dados territoriais e jurídicos do Imasul, identificando sobreposições com UCs (Unidades de Conservação), APPs (Áreas de Preservação Permanente), RLs (Reservas Legais), CAR (Cadastro Ambiental Rural) e licenças de supressão vegetal concedidas.
“Um dos pontos centrais dessa nova etapa de gestão ambiental é a emissão de alertas de desmatamento. Com o sistema atual, conseguimos monitorar em tempo quase real o que está acontecendo em todo o Estado, identificando tanto o desmatamento legal quanto o ilegal. No caso do legal, acompanhamos se o produtor está atuando dentro das condições e prazos previstos em sua licença”, explicou o secretário Jaime Verruck.
Ele ainda destacou a precisão do sistema, que opera com resolução de até um metro, permitindo a verificação detalhada das áreas com cobertura vegetal alterada. “O grande diferencial é que temos um sistema interligado ao CAR e capaz de realizar embargos automáticos em propriedades sem licenciamento. Além disso, o monitoramento inclui áreas de cana-de-açúcar, unidades de conservação, terras indígenas e até pontos de calor, com acionamento direto via SICOE aos bombeiros e à PMA.”

Investimento em inovação
Para viabilizar essa transformação, o Governo do Estado investiu cerca de R$ 1,5 milhão na estrutura da Sala de Situação, que inclui um videowall de alta resolução, estações de trabalho com processadores Intel Core i9, 64 GB de RAM, placas NVIDIA RTX 4070 e monitores de 360Hz, garantindo alto desempenho na análise e visualização de dados geoespaciais em tempo real.
A automação permitiu a redução de 72% na carga de trabalho manual dos técnicos, anteriormente responsáveis por analisar individualmente as alterações na cobertura vegetal. Com isso, os profissionais passaram a focar em atividades mais estratégicas, como validações em campo, emissão de pareceres e suporte a operações de fiscalização.



Governança digital e sustentabilidade
Para o diretor-presidente do Imasul, André Borges, a criação da Sala de Situação é um marco institucional e uma ferramenta concreta no enfrentamento ao desmatamento ilegal e à degradação ambiental. “Estamos investindo em tecnologia de ponta para garantir que o monitoramento ambiental no Mato Grosso do Sul seja cada vez mais rápido, preciso e eficaz. A Sala de Situação é mais do que uma estrutura física – é um símbolo do nosso compromisso com a sustentabilidade, com o rigor técnico e com a governança ambiental”, afirmou.
A arquitetura da UNIGEO está fundamentada em três pilares: precisão, periodicidade e rastreabilidade dos dados. Esse tripé assegura transparência, segurança jurídica e eficiência nas ações do Imasul.
Além da estrutura já implementada, o Imasul planeja novos investimentos para reforçar a atuação da UNIGEO em campo. Estão previstas aquisições de drones, viaturas, quadrículos e pacotes adicionais de imagens de satélite para ampliar a cobertura de áreas remotas e de difícil acesso.
A mais recente inovação foi a inserção de mecanismos de inteligência artificial, que possibilitam análises mais eficientes, identificação automatizada de padrões e priorização de casos críticos. Segundo Jaime Verruck, o desafio agora é modernizar os fluxos internos para agilizar a tramitação de processos administrativos e judiciais.
“Já começamos a ampliar o uso da inteligência artificial para aprimorar nossa produtividade. Temos muita informação à disposição, mas agora o foco é acelerar as respostas — seja na emissão de autos de infração, na apuração de irregularidades ou na prevenção de danos ambientais”, completou o secretário.
Com a Sala de Situação da UNIGEO, Mato Grosso do Sul se consolida como referência nacional em monitoramento digital do meio ambiente e reforça seu protagonismo no enfrentamento ao desmatamento, às queimadas ilegais e às mudanças climáticas. Trata-se de uma estrutura moderna, replicável e estratégica, alinhada aos compromissos globais de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.


Fonte: Gustavo Escobar, Imasul e Marcelo Armôa, Semadesc