Entre abril de 2024 e abril de 2025, as buscas no Google feitas por brasileiros com o termo “Dia de São Valentim” aumentaram 82,72%, de acordo com levantamento da agência de SEO Conversion. O dado chama a atenção por se tratar de uma celebração tradicionalmente estrangeira, já que, no Brasil, o Dia dos Namorados é comemorado em 12 de junho.
O movimento pode indicar mudanças nos hábitos de consumo, influência de tendências globais e maior abertura para celebrar o amor em mais de uma ocasião ao longo do ano.
Por que o Brasil comemora o Dia dos Namorados em junho?
Diferentemente do Valentine’s Day, comemorado em 14 de fevereiro em diversos países, o Brasil escolheu outra data. A versão brasileira surgiu em 1949, quando o publicitário João Dória criou uma campanha com o objetivo de aquecer o comércio em junho, considerado um mês de vendas fracas.
A escolha de 12 de junho está relacionada à véspera do Dia de Santo Antônio, o popular santo casamenteiro. Já o Dia de São Valentim tem origem no Hemisfério Norte. A celebração homenageia um padre romano do século III, que teria realizado casamentos em segredo, contrariando ordens do Imperador Cláudio II.
Por isso, acabou executado em 14 de fevereiro, data que, mais tarde, foi transformada em símbolo do amor.
Interesse antecipado: o que impulsiona o crescimento das buscas?
O aumento na procura por informações sobre o Dia dos Namorados sugere mais do que mera curiosidade. Há fatores de comportamento e consumo envolvidos:
- Globalização de datas comemorativas: com as redes sociais e o acesso à cultura internacional, muitas tradições de fora ganham espaço no calendário brasileiro.
- Influência do comércio eletrônico: promoções em marketplaces estrangeiros e nacionais já exploram o Valentine’s Day como uma oportunidade de vendas.
- Novas formas de relacionamento: casais multiculturais, amantes de datas comemorativas ou que gostam de celebrar mais de uma vez ao ano.
Por que a Geração Z está namorando menos?
Pesquisas indicam que a Geração Z está namorando menos, saindo menos à noite e priorizando a trajetória individual. O resultado: queda na natalidade, mudança nos formatos familiares e efeitos diretos no varejo em datas simbólicas como o Dia dos Namorados.
Segundo a Globo, os jovens passam até 12 horas por dia conectados às redes sociais. Esse excesso digital, aliado ao consumo menor de álcool e ao desinteresse por baladas, molda um perfil mais introspectivo e menos aberto a compromissos duradouros.
O namoro digital é o principal meio de conexão entre a Geração Z. Porém a lógica dos aplicativos favorece relações casuais, pouco profundas e marcadas pelo “paradoxo da escolha”: há tantas opções que é difícil se comprometer com uma só.
Com menos relacionamentos estáveis, o comércio já percebe a retração. Em 2024, apenas 56% comemoraram o Dia dos Namorados. Em 2025, a intenção subiu para 68%, mas o setor segue cauteloso.
Bares e restaurantes viram queda de 0,3% nas vendas no mês da data, apesar de 81% planejarem sair para comemorar. Supermercados, por outro lado, cresceram 5% em vendas na data, mostrando um redirecionamento de consumo.
Expectativas comerciais e comportamento do consumidor
Mesmo com a popularização do Valentine’s Day por aqui, isso não invalida o impacto do Dia dos Namorados em junho, que continua sendo a principal data romântica no Brasil. No entanto, o interesse crescente por 14 de fevereiro cria uma nova janela de vendas, com potencial de estimular compras antecipadas ou dobradas.
Lojistas já estão atentos ao fenômeno. Há quem aproveite a data internacional para lançar ações promocionais específicas, oferecer produtos personalizados ou promover experiências exclusivas.
O que esperar de vendas e preferências em 2025?
As expectativas do comércio para o Dia dos Namorados em junho seguem altas. Em 2023, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o varejo brasileiro movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões com a data.
A tendência para 2025 é de crescimento, especialmente com a adesão cada vez maior do e-commerce e das redes sociais como vitrines. Entre os itens mais buscados, permanecem clássicos como flores, chocolates, perfumes e joias.
No entanto, cresce também o interesse por experiências compartilhadas, como jantares, viagens curtas e serviços personalizados. Na hora de escolher um presente, o consumidor busca praticidade e originalidade.
Investir em kits pode ser um diferencial para a data, como um kit de perfume feminino ou masculino, de beleza ou de chocolates e doces. Esses presentes são vistos como opções elegantes, versáteis e que valorizam a entrega afetiva.
Fonte: Assessoria