Juliel Batista
Na tarde de quarta-feira (21), o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci (PT), esteve na Folha de Dourados para comentar sua disputa pela presidência estadual do partido, em Mato Grosso do Sul.
Prefeito de Mundo Novo por três mandatos e participante da gestão de Dorcelina Folador, assassinada em 30 de outubro de 1999, Humberto destaca sua militância ao longo de décadas, incluindo seu papel à frente do orçamento participativo na cidade.
Militante da AE (Articulação de Esquerda), tendência interna do partido mais à esquerda, Amaducci ressalta a chapa que vem sendo construída para as eleições internas do PT.
“A nível nacional, nós estamos discutindo com o companheiro Walter Pomar, candidato a presidente nacional do PT, com a nossa chapa: ‘Em tempos de guerra, a esperança é vermelha’. E aqui no estado do Mato Grosso do Sul, nós estamos também estamos visitando todos os municípios onde nós vamos ter o PED – processo de eleição direta do PT.”
Humberto Amaducci comenta sobre sua disputa com o deputado federal Vander Loubet pela presidência do PT em MS e diz que as eleições estão sendo feitas para: “para compreender e entender o que nós queremos projetar para frente.”
O candidato pontua que o PT tem uma história muito marcante no Brasil e que, por isso, é fundamental manter o partido cada vez mais forte.
“Porque o PT, nesses 45 anos de vida, nós acumulamos uma história fantástica, o que seria da nação brasileira, o que seria do país sem os programas do PT, sem a política do PT. Em que pesem as nossas falhas, em que pesem os nossos erros, porém, os acertos nossos são muito grandes, são muito positivos. Um exemplo da força do PT, que de nove eleições a presidente nacional, depois da democratização que o PT participou, ganhamos cinco e ficamos em segundo em quatro.
Não é pouca coisa para um partido político que surgiu da base, que surgiu do chão da fábrica, dos movimentos populares, da luta campesina, de setores progressistas da Igreja Católica, da intelectualidade, enfim, é um instrumento da nossa avaliação de luta política da classe trabalhadora extremamente importante. Então, nós precisamos projetar o futuro, o passado, nós temos um grande passado, agora queremos pensar num grande futuro que nós temos pela frente, com a juventude, com as mulheres, fazendo com que esse instrumento de luta continue favorecendo a classe trabalhadora de homens e mulheres na luta por dignidade, por uma vida melhor, por um mundo melhor.”, comenta Amaducci.
Pensando no futuro do PT, no pós-Lula, Amaducci comenta sobre a importância de refletir e avaliar algumas questões, inclusive sobre a possibilidade de esta ser a última eleição em que Luiz Inácio Lula da Silva disputará a presidência da República:
“Então, essa função nós temos que ter. É possível isso? É possível. Agora, nós temos que fazer algumas reflexões, algumas avaliações. O PT, uma coisa é disputar uma eleição com o Lula, outra coisa é disputar uma eleição sem o Lula. O ano que vem é, sem dúvida nenhuma, a última eleição do Lula. Nós temos que compreender isso e nós temos que entender que o Lula Ele tá bem, tem saúde, tá firme, tá forte. Porém, o ano que vem, acredito que será a última eleição dele e nós temos que começar a discutir se nos preparar para que a gente continue sendo esse instrumento.”
Para ele, é vital que o partido se organize de forma a manter sua relevância e capilaridade em todos os níveis do país. Sendo assim, o ex-prefeito diz que:
“A nossa avaliação, é que precisamos voltar a reorganizar o PT em todos os municípios desse país. O PT tem que ter capilaridade. O petista, ele tá em todo lugar, muitas vezes a direção do PT não tá presente.”
Ele continua, ressaltando a importância da organização partidária nos municípios:
“Você tem municípios por aí que não tem partido organizado, que não tem o PT organizado, o PT tem 20, 30% dos votos, ou seja, tem petistas nesses locais, no local de trabalho, nos mercados, nos bairros, nas periferias, em todo local, você vai encontrar falta a direção. Nós temos que nos reorganizar.”
Outro ponto enfatizado por Humberto Amaducci é a necessidade de sair da “zona de conforto, inclusive tendo disciplina”. Nesse sentido, o candidato explica:
“Companheiros e companheiras que, ao longo do tempo, ocupam espaços que conquistaram na luta do partido, mas está na hora de voltar, a enfrentar a rua, a discutir, a reorganizar, a participar, a conversar com a juventude, a trazer as experiências e ouvir, principalmente ouvir.”
Para reafirmar essa questão, Amaducci ressalta seu papel à frente do orçamento participativo, considerando-o uma ferramenta importante na sociedade e um espaço de aprendizado:
Eu aprendi que quanto mais você ouve, menos você erra. Você não vai cometer erros, que você não vai ter falhas.”, disse Amaducci.
Ele comenta sobre a campanha que vem sendo realizada nesse PED e destaca que o momento é fundamental para o partido, pois no próximo período o “desafio será grande”.
Ao ser questionado sobre o nome da chapa Tempos de Guerra, a Esperança é Vermelha, Amaducci reflete sobre os últimos episódios ocorridos no Brasil, desde a polarização até a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023:
“Nós não estamos em guerra, de fato nós não estamos. Aí a gente faz a seguinte reflexão, os caras sentaram e explodiu um caminhão tanque em pleno Natal. Os caras planejaram assassinar um presidente da república, um vice-presidente e um ministro da Suprema Corte. Agora, recentemente, saiu um áudio de um cara da Polícia Federal que tinha que detonar todo mundo. Você pega o 8 de janeiro, o que fizeram.”
Nesse sentido, o candidato questiona: “Nós não estamos em guerra?”
Ele mesmo responde:
“Nós só não estamos porque nós, da esquerda, somos da paz. Porque nós, da esquerda, defendemos a democracia. Porque nós, da esquerda, respeitamos o diálogo. Não tem problema da gente pensar diferente. A gente pode reunir, discutir o dia inteiro com a sua maneira de pensar e eu com a minha. Chegar à noite, vamos reunir a família. Vamos fazer uma confraternização com a família. Vamos falar da vida. do esporte, vamos falar de boa, é isso que a gente defende, a gente quer um país, um país que tem um potencial fantástico, que a gente quer isso.”
A nível estadual, Amaducci comenta que uma das reivindicações dentro do partido é que o PT saia da base do governo Riedel (PSDB) e se prepare para ter um candidato próprio ao governo de MS. Além disso, ele destaca a importância de eleger o deputado federal Vander Loubet ao Senado da República:
“Na realidade, nós queremos o Vander candidato do Lula, não do Riedel. Queremos o companheiro Vander tendo o apoio do nosso presidente Lula, do PT Nacional, para que a gente possa sim elegê-lo Senador da República. E uma bancada, com uma chapa de deputados federais e deputados estaduais para poder fazer uma disputa e a gente eleger uma bancada tanto a nível federal quanto estadual.”
As eleições do PED (Processo de Eleição Direta) estão marcadas para o dia 6 de julho. Todos os filiados, até o dia 28 de fevereiro, têm direito a voto e podem participar da eleição.
Veja as propostas do candidato a seguir:

Fonte: Folha de Dourados