No território brasileiro, hoje, um dos grandes desafios que assombra os agricultores encontra-se diretamente atrelado ao controle de pragas nas lavouras, bem como a criação de estratégias eficazes para combatê-las. Comumente, em produções de larga escala, utilizam-se agroquímicos para essa finalidade.
No entanto, de longe, embora tenha sua eficiência em muitos sentidos, essa tática não é a melhor quando se pensa no meio ambiente e no impacto desses insumos nos seres humanos no longo prazo.
Procurando inovações sustentáveis para a agricultura, por exemplo, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com a Universidade de Copenhague (Dinamarca), recorreram a meios naturais para diminuir a população de organismos considerados danosos às lavouras.
Os cientistas inocularam fungos entomopatogênicos em plantas de morango e feijão para combater o ácaro rajado (Tetranychus urticae), população de organismo que atinge, além das culturas mencionadas, outras 200 espécies.
É importante enfatizar que os fungos entomopatogênicos são um tipo de organismo capaz de colonizar diversas outras espécies que são consideradas pragas através das epizootias, um tipo de enfermidade que pode levar à morte ou interferir diretamente na alimentação, bem como na reprodução de ácaros e insetos.
Na soja, por exemplo, esses fungos podem controlar a infestação de lagartas. Além disso, também podem atuar diretamente na proteção de uma série de outros cultivares que são afetados por mosca-branca, cigarrinhas, entre outros tipos de insetos.
A infecção do fungo entomopatogênico ocorre em seis etapas. Primeiro ocorre a fixação do esporo na parte externa do corpo do inseto. Depois, ocorre a germinação das estruturas fúngicas dos insetos.
Em seguida, a penetração através da cutícula, atingindo o interior da praga, posteriormente, superando a defesa imunológica do hospedeiro. Depois proliferam-se dentro do corpo do hospedeiro e, por fim, cresce no hospedeiro morto, produzindo novas estruturas de disseminação.
Quais são os benefícios desse tipo de controle de pragas?
Uma das principais vantagens no uso desse tipo de fungo para o controle de pragas é o controle biológico selecionado. Isso ocorre porque o fungo afeta somente insetos danosos à cultura em questão, não afetando insetos benéficos como polinizadores.
Por consequência, esse tipo de controle reduz significativamente o uso de agrotóxicos, reduzindo a contaminação do solo e das águas, além de diminuir também os riscos à saúde do agricultor no processo de pulverização manual.
É importante destacar que os fungos apresentam, em sua estrutura biológica, mecanismos complexos de infecção, processo que dificulta a seleção de populações resistentes de pragas. Outro ponto relevante é que, dependendo da espécie, o fungo pode atuar em múltiplos estágios do ciclo de vida da praga, infectando os ovos, as larvas, pupas e adultos.
Nesse sentido, percebe-se que, para o produtor, existem uma série de vantagens. Para o consumidor, a maior vantagem encontra-se na possibilidade de ingerir um alimento mais saudável e com menos agroquímicos.
Portanto, pode-se dizer que, com os avanços da biomedicina, da tecnologia e da ciência, cada vez mais alternativas que mantêm a saúde do consumidor em plantações estão surgindo. No fim, ao unir conhecimento científico, inovação tecnológica e responsabilidade ambiental, essa alternativa ganha força como uma resposta eficaz às demandas atuais do setor.
Fonte: Assessoria