Raquel Fernandes
Desde o início de 2025, uma nova lei federal passou a proibir o uso de celulares em todas as escolas públicas e privadas do país. Em Amambai (MS), a medida já vem trazendo resultados positivos, com mudanças no comportamento dos estudantes e novas formas de convivência no ambiente escolar.
No Colégio CELQ, a ausência dos celulares nos horários de aula e de intervalo provocou uma transformação visível. “Nossa, mudou muito! Estamos com campeonato de xadrez e de ping-pong agora no recreio, que foram organizados pelos próprios alunos. Eles passaram a interagir muito mais entre si”, contou a diretora Aline.
Segundo ela, os celulares eram usados principalmente no período da manhã. Agora, com mais tempo livre e menos distrações, os estudantes começaram a conversar mais, trocar ideias e criar atividades em grupo. “Eles começaram a se olhar, conversar, inventar coisas juntos. Os campeonatos surgiram dessa nova disponibilidade de tempo e de olhos atentos uns aos outros”, destacou.
Já na Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, a nova legislação apenas reforçou práticas que já vinham sendo adotadas. Conforme explicou o diretor adjunto Altamir, a escola sempre manteve um controle rigoroso sobre o uso de celulares. “Os alunos já eram proibidos de utilizar o celular tanto em sala quanto no intervalo. Quando precisavam fazer uma ligação, iam até a secretaria. Com a nova lei, isso só fortaleceu ainda mais o controle, e os próprios alunos já se policiam”, relatou.
Em casos pontuais, quando algum estudante tenta usar o celular indevidamente, o aparelho é recolhido e devolvido apenas no final da aula.

Especialistas alertam que o uso excessivo de celulares pode prejudicar o desenvolvimento social dos adolescentes. Segundo a psicóloga Luisa Fassi, da Unidade de Ciências da Cognição e do Cérebro do Conselho de Pesquisa Médica de Cambridge, adolescentes com problemas de saúde mental passam significativamente mais tempo em redes sociais, o que pode agravar sentimentos de isolamento e insatisfação social.
Além disso, estudos mostram que a interação social em sala de aula favorece o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Um artigo publicado no periódico da Faculdade de Ciências Biológicas da UNESP destaca que a convivência entre pares contribui para a construção de relações mais respeitosas e para um processo de aprendizagem mais saudável.
Com base nessas evidências, a lei que proíbe o uso de celulares nas escolas busca não apenas melhorar o rendimento escolar, mas também promover o bem-estar emocional dos estudantes.
Em Amambai, as mudanças já são perceptíveis e revelam que a escola pode – e deve – ser um espaço de encontro, troca e crescimento coletivo.
Fonte: Gazeta Educação