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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Bioquímica edita o DNA como um texto no computador

2016-09-05 16:26:00

Há pouco mais de quatro anos, a bioquímica norte-americana Jennifer Doudna se converteu em uma espécie de celebridade. Passou a ser convidada para eventos abarrotados de ricos e famosos (uma foto com a atriz Cameron Diaz é um dos primeiros resultados quando se faz uma busca pelo nome dela no Google), recebeu dois perfis no jornal The New York Times e empilhou dezenas de homenagens mundo afora.

Uma das últimas ocorreu no prêmio Para Mulheres na Ciência, em Paris, onde ela conversou com a GALILEU. “Eu sou um constrangimento para meu filho de 13 anos, acho que ele gostaria que a mamãe recebesse menos atenção”, diz, aos risos.

Em junho de 2012, Doudna e a microbiologista francesa Emmanuelle Charpentierpublicaram um artigo na revista Science em que anunciavam a descoberta de uma técnica simples para editar o DNA de qualquer organismo. A colaboração entre as duas começou quando Charpentier se apresentou para Doudna em um congresso e contou que estava pesquisando um gene chamado Crispr, que parecia auxiliar bactérias carnívoras a combater vírus que tentavam atacá-las.

A intenção da francesa era descobrir como o sistema imunológico dessas bactérias funcionava para destruí-lo e, consequentemente, curar as pessoas infectadas por elas. Mas, à medida que a pesquisa evoluiu, ficou claro que uma proteína específica, a Cas9, era a verdadeira estrela do processo: ela era capaz de recortar uma parte específica do DNA do vírus e juntar as duas pontas — algo similar ao “ctrl+x”, que você faz todo dia no computador. Elas, então, conseguiram adaptar o processo para outros organismos que não as bactérias. E revolucionaram a engenharia genética.

Hoje, Doudna dedica-se a promover discussões sobre o uso da técnica em embriões. Há o temor de que ela seja utilizada para criar “superbebês”, hipótese que a pesquisadora faz questão de descartar. “Minha opinião é que a pesquisa em diferentes tipos de células deve ir adiante, pois é a única maneira de entendermos como essas células funcionam”, diz. “Mas não apoio que sejam feitas modificações nos embriões e que depois eles sejam implantados em mulheres e um bebê seja gerado a partir disso.”

A enzima Cas9 funciona como uma tesoura. Ela tem dentro dela uma fita de RNA que aponta o local exato em que o DNA deve ser cortado, o que pode, por exemplo, impedir um vírus de se reproduzir.

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